SALGUEIRO- Aquele grande homem- de pequena estatura física, batizado com o nome de José Manoel da Silva (foto) -e chamado por toda vida de Zé de Pifânia, nunca soube o que eram férias nem aposentadoria (só descansava nos finais de semana), fechou os olhos para sempre na madrugada de ontem ( de 20 de dezembro) , em sua casa, ao lado da esposa Maria (Mariinha) na comunidade do Sítio Feijão, também chamado de KM16, em Salgueiro. Com origem em uma família de trabalhadores rurais, “Tio Zé” (assim chamado carinhosamente por seus parentes) morreu aos 86 anos e está sendo sepultado na manhã de hoje ( 22 ) no cemitério da comunidade, no Sítio Feijão.
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ZÉ DE PIFÂNIA, um desbravador ecológico rural!
16/02/2017
Por Machado Freire
Dia 7 de maio próximo, o cidadão José Manoel da Silva, tratado por seus familiares e amigos que moram no Sítio Feijão – Km 16, em Salgueiro, por Zé de Pifânia (sua mãe chamava-se Epifânia e tinha o apelido de Pifânia), vai comemorar seus bem vividos 80 anos de idade.
“Não vou fazer festa e nem uma reza porque nesses últimos dias tenho enfrentado muitos problemas de saúde”, conta o agricultor alegre e ao mesmo tempo impaciente, porque não pôde aproveitar o inverno (que até surpreende) e ir à sua roça “para dar um trato” no milho e feijão que já estão “canivetando’.
Por trás desse homem simples, pai de 14 filhos, nascido e criado na roça, existe uma página muito importante para a comunidade que mora nos sítios da região num raio de mais de 10 quilômetros, como Solta, Formiga, Milagres, Boa Esperança e arredores.
Faz mais de vinte anos que Zé de Pífânia realiza um trabalho voluntário na coleta de vidro, ferro velho, garrafas pet, restos de móveis, etc, em uma carroça puxada pelo burro branco apelidado de Asa Branca.
A palavra “reciclagem” ainda não era conhecida, por exemplo, na comunidade do Coqueiro quando Zé de Pifânia já recolhia esse material até então imprestável, chamado de lixo e que algumas pessoas ainda não assimilaram a importância da retirada desse “incômodo”, de sua casa e que muitas vezes é jogado de forma equivocada no terreiro, contribuindo para poluir o meio ambiente.
É verdade que o trabalho duro e muitas vezes incompreendido “rende um trocado” para o agricultor que merece o reconhecimento do poder público do município que sempre fez pouco caso da causa da ecologia e da defesa do meio ambiente.
Entendemos que é muito lucrativo para todos, do ponto de vista da saúde e na questão ambiental e ecológica esse trabalho difícil e arriscado para um homem de 80 anos que sai de casa cedo e volta somente depois do meio dia, deixando sua esposa, Maria, preocupada com sua saúde.
Mas o desbravador ecológico rural José de Pifânia está doido para ficar bom e retornar à sua lida em defesa do meio ambiente, de forma praticamente voluntária, pois o lucro fica para quem se livra do lixo reciclável no interior e no terreiro de sua casa, naquela ribeira.
A natureza agradece. Viva Zé de Pifânia!
Matéria publicada simultâneamente no Jornal Folha do Sertão e no Blog Alvinho Patriota, em 16 de abril de 2017