Morre o ator, escritor e médico Reinaldo de Oliveira

09/04/22
Por Marcos Vinicius
blogfolhadosertao.com.br

A informação foi confirmada pela Academia Pernambucana de Letras (APL), a qual  Reinaldo de Oliveira  (91 anos)  ocupava a cadeira 24 desde 1993

Yeda B Mello/Divulgação
Reinaldo de Oliveira deixou uma grande contribuição para o teatro pernambucano – FOTO: Yeda B Mello/Divulgação

Um dos grandes nomes para as artes em Pernambuco, o médico, ator, escritor e compositor Reinaldo de Oliveira faleceu neste sábado (9) aos 91 anos. A informação foi confirmada pela Academia Pernambucana de Letras (APL), a qual ele ocupava a cadeira 24 desde 1993. O corpo de Reinaldo será velado a partir das 15h e o sepultamento às 18h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. O artista deixou um grande legado para a cultura pernambucana, sobretudo para a manutenção do teatro no Estado.

Reinaldo de Oliveira tinha o teatro nas veias. Ele nasceu em 1930, filho da atriz Diná de Oliveira e de Waldemar de Oliveira, que foi o fundador do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Este, por sinal, é um dos grupos teatrais mais importantes do Brasil e o mais antigo em atividade no país. Durante 42 anos, Reinaldo foi o diretor-geral do grupo – assumindo posteriormente a presidência de honra do TAP.

Em 2013, ele lançou o livro “O palco da minha vida”, compartilhando suas lembranças em escritos. “”Em 1947 comecei a minha participação no TAP em Planície, de Guimerá, dirigida pelo ensaiador contratado, no Rio, Adacto Filho. Fiz um pequeno papel, de Peluca, um jovem agricultor que entrava correndo para dar uma notícia importante. De tal modo levei a sério o papel que, antes de entrar em cena, calculava o tempo e correndo, subia e descia os três andares dos camarins do Santa Isabel, para entrar realmente cansado e arfando”, conta o autor em um trecho da obra”, disse o ator em entrevista ao JC, na época.

O dramaturgo começou a atuar aos 10 anos de idade. Sua última atuação foi na peça “Bibi em casa de Ferreira, espírito de palco”, em 2019, no Teatro de Santa Isabel.

“A Academia Pernambucana de Letras manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do acadêmico Reinaldo de Oliveira e apresenta sinceras condolências aos seus familiares e amigos”, diz a nota da APL.

O comunicado ainda reiterou a posição do escritor na Academia Pernambucana de Letras, em referência ao seu pai, Waldemar de Oliveira. “Reinaldo era ocupante da Cadeira n° 24 da APL. Referência na história do teatro pernambucano (era filho de Waldemar de Oliveira, fundador do Teatro de Amadores de Pernambuco – TAP), Reinaldo também guardava outra paixão: a medicina”, afirma.

“Em 2018, lançou na sede da Academia sua biografia: “Reinaldo de Oliveira – Do bisturi ao palco”, editado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Ele deixa um legado de importantes contribuições para a arte e a cultura do povo pernambucano”, complementa o comunicado da instituição.

Instituições lamentam

Nas redes sociais, o governador Paulo Câmara lamentou a perda do artista para a cultura pernambucana. “A cultura pernambucana perdeu neste sábado um de seus expoentes com o falecimento de Reinaldo Oliveira, aos 91 anos. Formado em medicina, seguiu os passos do pai, Waldemar de Oliveira, fundador do Teatro de Amadores de Pernambuco. Além de atuar, Reinaldo também era escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Expresso aqui minha solidariedade aos amigos e familiares”, disse o governador.

Formado em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1953, Reinaldo deixou também um grande legado para a saúde do Estado. “Com imenso pesar, o Cremepe lamenta o falecimento do médico, ator, jornalista, Reinaldo de Oliveira, que faleceu neste sábado (09/04), aos recém completados, 92 anos. A medicina e a dramaturgia sempre atuaram juntas durante toda sua vida e em 2013, ele contou sua história no Programa Memórias da Medicina do Cremepe. Um homem que carregava consigo uma imensidão de vivência, conhecimento, legado e representatividade, despertando uma admiração unânime na sociedade”, lamentou o Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe), em nota.

“Reinaldo sempre foi um defensor incansável, apaixonado pela cultura pernambucana, mas em especial pelo teatro. Fui testemunha disso quando convivemos juntos no Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural”, destacou Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe.

“Vale destacar que além do grande legado para a cultura pernambucana, em especial às artes cênicas, Reinaldo também deixou grande contribuição para as artes brasileiras em outras linguagens artísticas, como a música e literatura”, apontou Gilberto Freyre Neto, secretário Estadual de Cultura.

PREFEITURA

A Prefeitura do Recife também divulgou nota de pesar pela morte de Reinaldo de Oliveira:

“Reinaldo de Oliveira é um dos nomes mais importantes que já produziu e foi produzido pela cena teatral do Recife. Com grande pesar, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife lamentam a perda do médico, ator e diretor de teatro, homem de muitos talentos, que soube falar, com maestria, quase todas as linguagens da arte.

Filho do teatro, Reinaldo estreou nos palcos ainda criança, seguindo os passos da mãe, a atriz Diná de Oliveira, e do pai, Valdemar de Oliveira, fundador de um dos mais atuantes e longevos grupos teatrais do país, o Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP) – que Reinaldo dirigiu por mais de 40 anos, até tornar-se seu presidente de honra.

Seu amor pela cultura não conhecia limites e ia além do Teatro, a grande paixão. Com a mesma precisão delicada e criativa dedicada à medicina, fora dos palcos escreveu músicas e livros, tendo integrado a Academia Pernambucana de Letras. Sua arte segue, para sempre, escrita na nossa história.

“Arte produzida com talento e com o coração. Foi assim que Reinaldo de Oliveira construiu seu legado na cena recifense, uma trajetória que nos faz relembrar grandes passagens, mas também nos faz acreditar na força eterna do que a cultura produz”, declarou o Secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello”.

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