24/06/21
Por Fernanda Vivas e Márcio Falcão ( Globo Brasília)
blogfolhadosertao.com.br
No Senado, Filipe Martins fez gesto visto como referência de supremacistas brancos. Para MP, assessor do Planalto difunde ideias ‘extremistas’; Martins diz que estava arrumando paletó.
Filipe Martins se torna réu na Justiça Federal do Distrito Federal
A Justiça Federal de Brasília aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu por gesto racista Filipe Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais.
A decisão é do juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara. Com o recebimento da denúncia, Filipe Martins passa a responder a uma ação penal, podendo ser condenado ou absolvido ao final do processo.
Martins é integrante da ala ideológica do governo. Em março, no Senado, o assessor do Planalto juntou os dedos indicador e polegar da mão direita de forma arredondada e passou sobre o paletó do terno que trajava. Em uma rede social, ele disse que estava somente ajeitando a lapela do terno.
O gesto foi considerado obsceno pelos parlamentares. A Liga Antidifamação, organização dos Estados Unidos que monitora crimes de ódio, considera o gesto “uma verdadeira expressão da supremacia branca” porque indica, na mão, as letras “W” e “P”, numa referência a “white power” (poder branco, na tradução literal).
Argumentos
Conforme o Ministério Público Federal, Martins difunde ideias “extremistas” e agiu “de forma intencional”, tendo “consciência do conteúdo, do significado e da ilicitude do seu gesto” (leia detalhes mais abaixo).
Ao analisar a denúncia, o juiz federal escreveu: “A denúncia se fez acompanhar de documentos que lhe conferem verossimilhança”. Determinou, ainda, que Martins seja citado para responder à acusação em 10 dias.
À época em que a denúncia foi feita, a defesa do assessor afirmou em nota que Filipe Martins “reitera a atipicidade da conduta e aguarda serenamente a pronta rejeição da denúncia, inclusive por excesso de acusação sem embasamento em nenhuma prova idônea”.
“A história de vida de Filipe Martins e suas lutas pelas liberdades públicas e pelos direitos fundamentais caminham a seu favor”, acrescentou o advogado João Vinicius Manssur.
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