16/08/21
/Folha da Região
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HOMENAGEM O ator foi o primeiro “galã” das novelas, tem mais de 50 trabalhos e formou um dos maiores casais da televisão brasileira
Mais uma estrela nacional foi vítima da Covid-19. Esta semana o Brasil perdeu Tarcísio Meira aos seus 85 anos, que participou de dezenas de novelas, filmes e peças de teatro. Tarcísio e sua esposa e também atriz, Glória Menezes, 86, deram entrada no hospital no dia 6 de agosto. Ambos com coronavírus.
Nesta edição, a Folha da Região presta homenagem a este grande ator que marcou gerações com seu excelente trabalho e foi um dos maiores galãs da televisão brasileira.
ARTISTA Um dos principais trabalhos do ator foi em “Irmãos Coragem”,
novela de 1970, quando já havia se tornado um galã da teledramaturgia. (Foto: Divulgação)
Vida e Carreira
Tarcísio Pereira de Magalhães Sobrinho nasceu em São Paulo no dia 5 de outubro de 1935. Ele sonhava em ser diplomata, mas reprovou na primeira prova que fez em 1957. Resolveu seguir carreira nas artes, começando no teatro.
Seus principais papéis em “Irmãos Coragem” (1970), “Roque Santeiro” (1986), “Roda de Fogo” (1986), “Fera Ferida” (1993), “O Rei do Gado” (1996), “Hilda Furacão” (1998) e “Páginas da Vida” (2007).
Ele estreou sua carreira de ator na peça “Hora Marcada”, em 1957. E na televisão em “Noites Brancas”, um teleteatro da TV Tupi, em 1959. Em outro teleteatro da mesma emissora, “Uma Pires Camargo”, em 1961, ele contracenou pela primeira vez com Gloria Menezes, com quem se casaria pouco tempo depois e os dois formaram um dos casais de maior sucesso da televisão brasileira.
Ele foi o galã da primeira telenovela diária brasileira, a “2-5499 Ocupado”, em 1963. Anos mais tarde, o casal se transferiu para a Rede Globo, onde estrearam “Sangue e Areia” (1967). A partir disto, Tarcisio se tornou uma presença constante na teledramaturgia brasileira com mais de 50 telenovelas, minisséries, seriados e televisão. O ator também esteve no elenco de “Escalada” (1975), última novela em preto e branco da Globo.
Casado com Glória desde 1962, ele teve um único filho e também ator Tarcísio Filho e era padrastro de João Paulo e Maria Amélia, filhos de sua esposa no primeiro casamento. Tarcísio e Glória são reconhecidos por possuírem um dos casamentos mais sólidos do meio artístico, tendo atuado juntos em várias novelas, como “Irmãos Coragem” (1970), “Guerra dos Sexos” (1983), “Torre de Babel” (1998), além do seriado “Tarcísio e Glória” (1988), produzido em homenagem ao casal.
Em 2000, ele interpretou o vilão Dom Jerônimo na série “A Muralha” e venceu o troféu da APCA (Associação Paulista de Críticos da Arte). Em 2002 fez o Bóris em “O Beijo do Vampiro”, em que ganhou o “Troféu Imprensa” de melhor ator. O artista venceu vários outros prêmios ao longo dos anos.
JUNTOS Casados desde 1962, Tarcísio e Glória se tornaram um dos casais mais sólidos e admirados da TV brasileira. (Foto: Divulgação)
Cinema
Seu primeiro longa foi “Casinha Pequenina” (1963), ao lado de Mazzaropi. Entre seus maiores sucessos estão “Máscara de Traição” (1969), “As Confissões de Frei Abóbora” (1971), “Independência ou Morte” (1972), “Missão: Matar” (1972), “O Marginal” (1974), “República dos Assassinos” (1979), “Eu Te Amo” (1981) e “Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo” (2011). Dentre suas mais importantes intepretações no meio se dão em “A Idade da Terra” (1980) e “Eu” (1987).
Últimos anos
Tarcísio e Glória se aposentaram em 11 de setembro de 2020, depois de 52 anos na Rede Globo. O último trabalho dele na emissora foi na novela “Orgulho e Paixão”, em 2018.
Após a aposentadoria, o casal passou a morar em uma fazenda em Porto Feliz, no interior de São Paulo.
Em 6 de agosto, os dois foram internados no hospital Albert Einstein, na capital, após o diagnóstico de Covid-19. Tarcísio estava na UTI contando com apoio de ventilação mecânica invasiva e diálise contínua, mas faleceu na quinta-feira (12).
Mensagens
Diante da notícia de sua morte, amigos e família se manifestaram nas redes sociais.
Tarcísio Filho homenageou o pai com um post na madrugada desta sexta-feira (13). Na imagem, ele mostrou o pai nos agradecimentos da peça “O Camareiro”, último trabalho do ator nos palcos.
Nesta quinta (12), o assessor de Tarcísio e Glória contou que ela recebeu a notícia da morte do marido com “muita, muita, muita, muita tristeza”.
Em vídeo, o ator Ary Fontoura lamentou a morte do colega falando do choque com a notícia, das lembranças e da parte da perda nacional. “Nosso pessoal está partindo, a arte está ficando cada vez mais pobre, mais triste”. Ao final, ele pede para que as pessoas se cuidem, pois, esta doença (o coronavírus) não é brincadeira.
O amigo, Tony Ramos, disse em entrevista à GloboNews que a notícia é “dilacerante”. Descreveu Tarcísio como um “homem presente em cada instante da história da televisão brasileira”. Também pediu que as pessoas se cuidem e que os amigos se mantenham perto de Glória.
A jornalista e apresentadora Fátima Bernardes deu a notícia da morte do ator durante seu programa matutino. Relembrou a história dele com a esposa, a quantidade enorme de produções que participou e que foi o primeiro “galazão” da TV.
A atriz Lilia Cabral apareceu em vídeo no “Encontro” com Fátima e aos prantos ela disse “só estou pensando na Glória”.
No mesmo dia da morte do ator, os membros da CPI da Covid fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao mesmo. “É mais um desses quase 600 mil brasileiros que perderam sua vida, dentre outras coisas, porque o governo não soube fazer o seu trabalho na hora certa”, lamentou o senador Alessandro Vieira (Cidadania) ao interromper a sessão para o anúncio.
O ator Stepan Nercessian disse que o parceiro livrou os galãs brasileiros do estigma de serem canastrões e maus atores, porque há um preconceito, ou o artista é bom ou bonito.
Outros famosos como Bruno Gagliasso, Boninho, José de Abreu, Serginho Groisman, Maísa, Fábio Assunção, Miguel Falabella, Marcos Pasquim, Ana Maria Braga, Tata Werneck, Rodrigo Lombardi, Otaviano Costa, Zezé Motta, Fernanda Paes Leme e Fernanda Torres.
Importante
A morte de Tarcísio Meira não deve ser motivo de desconfiança contra a covid-19. Especialistas explicam que nenhuma vacina protege 100% contra a doença, mas todas reduzem o risco de infecção, hospitalização e morte, principalmente depois da segunda dose.
Ainda assim, apesar de a probabilidade de infecção após a vacina ser pequena, quanto mais a doença estiver circulando, maior o risco do imunizante falhar. Por isso a necessidade de vacinar o maior número possível de pessoas o quanto antes.
*Maryla Buzati, estudante de Jornalismo e estagiária da Folha da Região