Parlamentares cobram ação ampla sobre conflitos na Mata Sul após visita a Barreiros

19/02/22

Ascom Alepe

blogfolhadoseertao.com.br

Junto a moradores, que prestaram homenagens ao garoto com fotos, faixas e cartazes que cobravam mais segurança, a comitiva ouviu depoimentos de agricultores relatando agressões sofridas. Entre elas, ameaças de morte e de despejo, envenenamento da água e do solo, invasões às residências e até atentados a tiros. A iniciativa das escutas partiu do mandato coletivo da  Juntas, do PSOL, que preside a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe e foi representado pelas codeputadas Carol Vergolino e Joelma Carla. Carol Vergolino explicou a iniciativa. “Pra gente cobrar celeridade nas investigações, pra gente cobrar isonomia nas investigações e também pra que o Governo do Estado faça uma ação integrada que resolva a questão da violência no campo”.

O senador Humberto Costa, do PT, que integrou a comitiva parlamentar em Barreiros, descartou qualquer outra versão para o crime que não seja a questão agrária, como a de relação com o tráfico. “ Na verdade, aqui não tem nada a ver com problema de briga entre traficantes, ninguém aqui tem participação em tráfico de drogas, são trabalhadores honestos, humildes,  que trabalham pra produzir alimentos para si e  para a comunidade. Então, é inaceitável esse tipo de conclusão. O que se sabe, com certeza, é que o que está por trás do que ocorreu aqui é conflito agrário”.

A família de Jonatas mora no Engenho Roncadorzinho, que fica nas terras da antiga Usina Santo André. No local, atualmente sob administração da Justiça, vivem cerca de 400 agricultores familiares, que tiram o sustento da produção de macaxeira, banana e coco, além da criação de animais. Com a ruína da fábrica, essas pessoas ficaram sem receber seus direitos trabalhistas. Também presente na visita, o presidente da Comissão de Agricultura da Alepe, o deputado Doriel Barros, do PT, defendeu que, diante da dívida judicial dos antigos proprietários do terreno, o Estado é credor e os trabalhadores, que não foram indenizados quando da falência, têm o direito legítimo de permanecer no local.  “A gente precisa discutir a possibilidade de aprovar rapidamente uma lei para que o Governo do Estado possa arrecadar essas terras, como credor, e colocar para fins de reforma agrária. Porque se o Estado é credor de grande parte dessas massas falidas que a gente tem na Zona da Mata, então o Estado precisa realmente buscar  recuperar essas áreas”.

A comitiva também esteve com representantes da gestão municipal de Barreiros e, após retornar ao Recife, foi recebida em audiência pelo governador Paulo Câmara. Os deputados estaduais João Paulo, do PCdoB, e Isaltino Nascimento, do PSB, participaram, além de secretários da gestão e lideranças dos trabalhadores do campo. Após ouvir as demandas, o governador prestou solidariedade à família de Jonatas, defendeu uma “conjugação de esforços” para o enfrentamento da questão agrária e anunciou providências para tentar reduzir a violência no campo. “Nós sabemos que não é só o governo que vai precisar atuar, nós vamos precisar do apoio do Parlamento federal l e estadual. Tem desdobramento  junto também ao Judiciário, até porque tem ações já postas e não são poucas, são muitas ações que hoje já estão em tramitação junto ao Judiciário, e nós vamos também atuar nesse sentido também. Então nós vamos realmente dar uma celeridade nesse tema necessário”.

Paulo Câmara prometeu recursos para dar mais rapidez às ações relativas ao tema. E anunciou a formação de um grupo para tratar do caso, com primeira reunião já na próxima semana.

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