Saúde: Pernambuco tem filas de espera nas UTIs devido ao aumento de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave

04/05/24
Por: Aimé Kyrillos
http://blogfolhadosertao.com.br

 

A Secretaria Estadual de Saúde abriu mais 130 leitos em diversas regiões do estado para controlar a situação e atender os casos mais graves
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No último mês foram disponibilizados mais 130 leitos que se somam aos 140 já disponíveis para reverter o cenário e atender à demanda (Foto: Marina Torres/DP Foto)
No último mês foram disponibilizados mais 130 leitos que se somam aos 140 já disponíveis para reverter o cenário e atender à demanda (Foto: Marina Torres/DP Foto)
As emergências de saúde do estado de Pernambuco estão com superlotação e com filas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) por causa da alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), principalmente nas emergências pediátricas. A Srag resulta em um comprometimento da função respiratória que leva, na maioria das vezes, à hospitalização.
Apesar de todos os esforços do Governo do Estado, as unidades de saúde estão com alta demanda e não há leitos disponíveis para atender a todas as pessoas diagnosticadas, o que preocupa as equipes de saúde de Pernambuco.
De acordo com a Secretária Estadual de Saúde (SES), só no último mês foram disponibilizados mais 130 leitos que se somam aos 140 já disponíveis para reverter o cenário e atender à demanda.
“É um período sazonal de aumento dos casos de síndrome respiratória aguda, que é o Srag, especialmente na pediatria, então, a gente precisa lembrar que é um período já esperado e que, por isso, nós, do governo do Estado de Pernambuco, em fevereiro, já de forma antecipada, lançamos um plano de contingência com uma série de medidas, para combater as arboviroses em geral”, explica a secretária de Saúde Zilda Cavalcanti em entrevista concedida ao Diario de Pernambuco.
Ainda de acordo com a titular da pasta, diversas medidas já foram tomadas pela secretaria, como o aumento no número de leitos e reforço nas unidades de saúde.
“A gente colocou em prática as ações que a gente já iria fazer, entre elas o reforço das UPAs de 24 horas, recursos humanos, insumos, inclusive com um gasto de cerca de R$ 1,5 milhão mensais só de reforço das UPAs. A gente abriu 140 leitos de um mês para cá, somando aos cerca de 130 que a gente abriu ano passado. Estamos com pediatras 24 horas de plantão no teleatendimento”, completa.
De acordo com a gestora, os médicos pediatras que estão de plantão possuem  a função de orientar outros profissionais da saúde que atendem crianças. Além disso, um fluxograma de atendimento foi elaborado para realização das teleconsultas, que serão feitas por profissionais capacitados pela SES. Até o momento, 500 médicos já passaram pelos cursos de capacitação.
“A gente tem se empenhado em várias frentes para atender melhor os pacientes. Temos feito uma análise criteriosa todos os dias da fila de espera, tentando priorizar aqueles casos mais graves. Essa fila oscila, é uma fila que é dinâmica porque, à medida que vão surgindo novos leitos, sai uma criança de alta de um leito de UTI e entra outra”, explica Zilda Cavalcanti, que destacou que há cerca de 90 crianças na fila de espera.
“A fila de adultos também está grande, mas ela também tem um comportamento cíclico durante o dia.  O que a gente sabe é que, por exemplo, boa parte dessas crianças e adultos não são diferentes, elas estão em unidades de sala vermelha, tanto de UPAs quanto de hospitais, e as salas vermelhas conseguem dar uma assistência semelhante a uma terapia intensiva, enquanto se aguarda em fila de espera”, complementa a gestora.
Diante da busca por soluções, a Secretaria de Saúde tem esbarrado em alguns desafios, como a falta de estrutura das unidades de saúde para receber novos leitos e a falta de profissionais especializados que possam atender os pacientes diagnosticados com  Srag.
“O que a gente sabe é que a partir do final de maio provavelmente vai começar a haver um decréscimo e os casos vão começar a reduzir. Não existe uma possibilidade de dar uma data exata, mas as expectativas dos epidemiologistas é que siga ainda aumentando o número de casos até agora, até o final de maio, e em seguida começa a decrescer essa curva e ir reduzindo”, ressalta a secretária.
Outro desafio é a mobilização da população para vacinar as crianças e seguir as orientações da Secretaria de Saúde, como evitar aglomerações e não levar bebês recém nascidos em locais movimentados, entre eles shoppings, restaurantes e festas.
“Vacinar contra a gripe é muito importante. Criança gripada não deve ir para a escola nem para a creche porque transmite para outras crianças. Deve ter proteção com a via respiratória, especialmente se estiver gripado. Então é bom botar máscara e lavar as mãos. Criança pequena não pode ter contato com adulto gripado, porque senão vai pegar gripe. Evitar aglomerações, especialmente aquelas crianças menores de dois anos que estão mais dispostas a gravar os quadros”, recomenda Zilda Cavalcanti.
Plano de contingência
Em fevereiro deste ano, Pernambuco realizou um plano de contingenciamento com várias diretrizes a serem adotadas para prevenir as arboviroses e tentar diminuir os impactos na rede de saúde pública.
O objetivo do plano foi determinar ações para garantir a rápida detecção e resposta aos casos, surtos ou epidemias decorrentes da circulação dos vírus respiratórios. O governo anunciou, por exemplo, a criação de um protocolo de atendimento estadual.
A ideia é estabelecer as ações para a detecção e resposta ao surto e epidemia decorrente da circulação desses vírus respiratórios na infância durante exatamente esse período sazonal.
Mesmo com o plano de contingência, Pernambuco decretou estado de emergência por conta do alto índice de ocupação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatal e pediátrica devido ao crescimento no número de casos de Srag.

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