Presidentes de partidos avaliam que voto impresso vai ser rejeitado pela Câmara dos Deputados

07/08/21

Estadão Conteúdo
Para ser aprovada, a proposta precisa de pelo menos 308 votos em duas votações, na Câmara e no Senado
Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados – FOTO: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Presidentes e líderes partidários afirmam que “não há clima” na Câmara para aprovar a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A avaliação é de que os recentes rompantes do presidente Jair Bolsonaro, que ameaçou não aceitar o resultado da eleição de 2022 sem a mudança na urna e fez vários ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dificultam a tarefa de construir maioria para aprovar o texto.

O Estadão apurou que, antes de anunciar publicamente a votação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, comunicaram a Bolsonaro a decisão de pautar a PEC do voto impresso. Disseram, porém, que, se o texto for rejeitado, não vão endossar nenhuma ação do presidente contra o atual sistema da urna eletrônica. Na conversa, destacaram que a decisão do Legislativo precisará ser acatada.

proposta será votada no plenário da Câmara, no fim da próxima semana. Para ser aprovada precisa de pelo menos 308 votos em duas votações, na Câmara e no Senado, número que dirigentes partidários veem como muito difícil de alcançar, dado o cenário de crise institucional.

“Quanto mais o presidente eleva o tom, menos provável se torna a aprovação de uma matéria como essa porque fica muito evidente que está havendo muito exagero”, disse o presidente do DEM, ACM Neto.

O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva, conhecido como Paulinho da Força, avalia que o governo vai sofrer uma derrota na votação. “Agora o Bolsonaro vai perder de goleada. Vai apanhar igual cachorro sem dono”, afirmou.

Os deputados Rodrigo de Castro (MG) e Isnaldo Bulhões (AL), líderes do PSDB e do MDB, respectivamente, disseram que vão orientar os partidos para que rejeitem o voto impresso.

Na quinta-feira (5), a PEC havia sido rejeitada pela comissão especial por um placar expressivo, 23 votos contrários a 11 favoráveis. No entanto, como o colegiado não tem caráter conclusivo, apenas opinativo, o presidente da Câmara pode chamar o plenário a deliberar.

Para ACM Neto, o placar na comissão especial indica que a proposta não tem apoio para ser chancelada pelo plenário da Casa “O resultado na comissão foi contundente. Dá uma demonstração muito clara de que a grande maioria tem uma compreensão do quão grave esse tema se tornou”, observou o ex-prefeito de Salvador. “A nossa disposição é assegurar no plenário, assim como aconteceu na comissão, que a matéria não prospere”.

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