13/08/21
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Por Ítalo Rocha Leitão*
Em 2006, com sua obstinação política, conseguiu quebrar a polarização nas eleições para governador entre Mendonça Filho (DEM) e Humberto Costa (PT) e assumiu a cadeira que já havia sido ocupada três vezes por Miguel Arraes. Quatro anos depois, com uma administração aprovada por mais de 90% da população, não teve a menor dificuldade para se reeleger. Conseguiu vencer seu então adversário Jarbas Vasconcelos por uma diferença de 2 milhões e 865 mil votos, um recorde na história política das eleições em Pernambuco.
Eduardo Henrique Accioly Campos, conhecido no seio familiar e amigável como Dudu, era um apaixonado pelo que fazia. Na intimidade, os amigos se acabavam de rir com a história de uma frase pronunciada por um eleitor anônimo, na frente do Palácio do Campo das Princesas, quando Eduardo ia entrando para comandar pela segunda vez os destinos do Estado. O cidadão, bem simples, que estampava no rosto um mundo de sabedoria, foi bem direto: “Esse aí botaram política na mamadeira dele”.
Nos seus dois mandatos, Eduardo deixou marcas que jamais se apagarão da memória do povo pernambucano. Comandou pessoalmente a política de combate à violência, reformou e construiu hospitais e escolas públicas na Região Metropolitana e no Interior, incentivou a instalação de uma refinaria e de fábricas em Suape, no Litoral Sul, redirecionou a expansão industrial para o Agreste, Litoral Norte e Sertão, e deu os primeiros passos para a vinda da fábrica da Jeep, em Goiana, inaugurada no governo do também socialista Paulo Câmara.
Eduardo também cuidou pessoalmente de um dos programas mais inclusivos do seu Governo, o “Ganhe o Mundo” – que leva estudantes pobres para estudar no exterior durante seis meses do ano letivo – façanha que quase nenhum pai de família de classe média consegue fazer e que continua em evidência.
Porte atlético, alto, elegante, olhos verdes, tinha um carisma pessoal contagiante. Gostava de contar piadas, de narrar histórias engraçadas do meio político. Comparecia a aniversários, batizados, casamentos, velórios, enterros….sempre com o intuito de reforçar as alegrias dos que comemoravam alguma data ou confortar e consolar os que sofriam alguma perda. Morreu tragicamente na manhã de uma quarta-feira, 13 de agosto de 2014, num acidente de avião, em Santos, no litoral paulista.
Eduardo Campos teve a vida interrompida aos 49 anos, no auge da sua carreira política, quando tentava realizar o sonho de ser presidente da República. Deixou no ar uma última frase ao participar de uma entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite anterior ao acidente: “Não vamos desistir do Brasil !”.
*Jornalista