Fora dos holofotes, covid-19 já matou mais pessoas que a dengue em 2024

25/03/24

Adelmo Lucena

http://blogfolhadosertao.com.br

 

Nos três primeiros meses do ano, a covid-19 já vitimou 2.066 pessoas no Brasil
O novo coronavírus saiu dos holofotes após a chegada de diversos imunizantes, mas continua vitimando milhares de pessoas no país por mês (Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil)
O novo coronavírus saiu dos holofotes após a chegada de diversos imunizantes, mas continua vitimando milhares de pessoas no país por mês (Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil)
A alta de casos de doenças como dengue e gripe em Pernambuco tem assustado a população e chamado a atenção de órgãos de saúde de todo o estado. O foco nos cuidados contra estas doenças faz com que muitas pessoas ignorem a covid-19, que ainda mata mais pessoas no Brasil do que a dengue e segue sendo um inimigo invisível a olhos nus.
O novo coronavírus saiu dos holofotes após a chegada de diversos imunizantes, mas continua vitimando milhares de pessoas no país por mês. Somente em 2024, já foram registradas 2.066 mortes pela doença, uma média de quase 30 pessoas por dia. Já as arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos, foram responsáveis pela morte de 656 brasileiros neste ano. No entanto, estas últimas têm ganhado mais atenção das autoridades e da mídia.
No final de 2023, os pernambucanos viram os casos de covid-19 dispararem com a chegada das festas de fim de ano, causando angústia e a dúvida sobre um possível retorno da pandemia e do uso de máscaras e álcool em gel. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), entre os dias 1º de janeiro e 16 de março de 2024, foram 11.963 casos confirmados da doença. Neste mesmo período, o País registrou 48.038 novos casos.
Desde o início da pandemia, Pernambuco contabilizou 1.230.871 casos de covid-19 e, com isso, o Brasil já acumula 38.694.211 casos. Além disso, há um crescimento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na maior parte do país, em todas as faixas etárias analisadas pelo Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O cenário se dá pela variação de vírus que circulam no Brasil, como o Sars-CoV-2 (covid-19), influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus. O boletim divulgado pela Fiocruz mostra que Pernambuco é um dos estados que apresenta indícios de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimos seis meses).
A pesquisa revela que o País já registra 1.218 óbitos somente este ano em decorrência da síndrome e, deste total, 90,9% foram causadas pelas complicações da covid-19. Há algumas semanas, a Fiocruz emitiu um alerta para os brasileiros ficarem atentos por conta do cenário atual, em que há a circulação simultânea dos vírus da covid-19 e da dengue, causando dúvidas na população pela semelhança entre os sintomas.
Como diferenciar dengue e covid-19?
Por conta da explosão de casos de dengue nos últimos meses e a continuação dos casos silenciosos de covid-19, sintomas como dor de cabeça, febre, dor no corpo e mal-estar deixam as pessoas incertas sobre qual o diagnóstico.
A infecção por estas duas doenças ocorre de maneira diferente. Enquanto a covid-19 é transmitida por via aérea, a dengue ocorre por conta da picada do mosquito Aedes aegypti.
“A transmissão da covid-19 acontece de pessoa para pessoa. É uma transmissão respiratória por tosse, expectoração, gotículas, contato de mão. Muitas vezes, a pessoa assoa o nariz, não higieniza as mãos e passa para outra pessoa”, explicou à Agência Brasil o infectologista do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva Junior.
 
“A dengue não, está relacionada ao mosquito mesmo. O mosquito pica uma pessoa infectada e, posteriormente, vai picar outra pessoa sã e transmitir o vírus de uma pessoa para outra, mas você tem o vetor”, completou.
Entre os principais sintomas da covid-19 estão dor de cabeça, coriza, tosse, febre e dores musculares. Já as pessoas com dengue desenvolvem mal-estar, dores no corpo, febre alta e dores atrás dos olhos.
Covid-19 ainda mais forte, mas com mesma roupagem
 (Foto: Peter llicciev/Fiocruz)
Foto: Peter llicciev/Fiocruz
Desde que a pandemia começou, em março de 2020, o novo coronavírus apresentou diversas modificações para se fortalecer, gerando ondas, picos e momentos de relaxamento e tranquilidade.
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a monitorar uma nova variante do novo coronavírus chamada de BA.2.86 por conta da quantidade de mutações. Além desta variante, outras duas são monitoradas pela OMS. “A organização continua pedindo melhor vigilância, sequenciamento e notificação de covid-19 porque esse vírus continua a circular e evoluir”, informou a organização.
A variante com mais mutações foi identificada em um paciente na Indonésia, com 113 alterações genéticas. Mesmo com os potenciais das variantes do vírus, os cuidados para evitar a contaminação continuam os mesmos.
Entre as principais medidas para prevenir da covid-19 estão:
  • Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos;
  • Utilizar álcool em gel para higienizar as mãos e punhos;
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos sujas;
  • Evitar contato com pessoas doentes;
  • Usar máscara em locais lotados;
  • Limpar diariamente as superfícies tocadas com frequência;
  • Cumprir o calendário vacinal.
Onde tomar  a vacina da covid-19
 ( Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
A vacinação continua sendo a maneira mais eficaz de prevenir a covid-19. Uma pesquisa feita pela Fiocruz mostra que a efetividade das vacinas contra covid-19 usadas em crianças e adolescentes é de quase 90%.
Apesar disso, apenas 11,4% dos jovens com menos de 14 anos receberam as três doses do imunizante no Brasil. A vacina para prevenção da covid-19 está disponível para crianças a partir de 6 meses de idade desde 2023. Os idosos e pessoas com comorbidades também fazem parte do grupo de risco e, por este motivo, são os primeiros na fila para receber as doses do imunizante.
No Recife, há cinco centros de vacinação que funcionam de domingo a domingo, são eles: Unidade Básica Tradicional (UBT) José Dustan (Rua Maurício de Nassau, s/n, Iputinga,  próxima ao Terminal de Ônibus de Monsenhor Fabrício), de 8h às 12h e de 13h às 17h. Além disso, há um centro no Parque Dona Lindu, na Avenida Boa Viagem, que atende das 8h às 12h.
Em Jaboatão dos Guararapes, o imunizante está disponível em todas as unidades de saúde da atenção básica e especializada do município. Confira a lista clicando aqui.
Já em Olinda, a vacinação ocorre nas unidades de saúde e policlínicas, que estão abertas de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. Os moradores ainda podem receber a dose da vacina no Shopping Patteo, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

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