Quilombolas defendem financiamento direto e apoiam manifesto afrodescendente na COP30

19/11/25  –

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Movimento quilombola reforça autonomia territorial e reconhecimento político na agenda climática
Representantes do movimento quilombola no painel da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), no dia 16 de novembro de 2025.
Representantes do movimento quilombola no painel da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), no dia 16 de novembro de 2025.

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq) concluiu a primeira semana da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) com o painel “Fundos comunitários e o acesso ao financiamento direto: como contribuem para a implementação dos planos de gestão territorial”, realizado no domingo (16).

A entidade destacou a urgência de destinar recursos financeiros diretamente às comunidades quilombolas, que protegem os territórios e sustentam a biodiversidade. Segundo a organização, esses recursos permitem que soluções como os fundos comunitários sejam efetivamente implementadas.

A mesa contou com a participação de Jhonny Martins, diretor administrativo e coordenador nacional da Conaq, que integrou o debate ao lado de Toya Manchineri da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Rose Apurinã do Podáali  – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira e Fany Kuiru da  Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA).

Para Martins, o fortalecimento dos fundos comunitários é indispensável para a autonomia territorial, preservação das florestas e a implementação de planos de gestão construídos a partir dos saberes tradicionais. “Financiamento direto é futuro, é proteção, é justiça climática”, afirmou no seu discurso.

Ao longo do dia, comunicadores quilombolas também produziram um vídeo-manifesto em apoio à carta pública divulgada pela Coalizão Internacional de Territórios e Povos Afrodescendentes da América Latina e do Caribe (CITAFRO), lançada durante o evento.

O documento denuncia o racismo ambiental, a pilhagem de territórios por indústrias extrativistas e as violações de direitos que atravessam toda a região. A carta também exige que a ONU reconheça oficialmente os povos afrodescendentes como atores políticos e ambientais na COP30.

“A CITAFRO apoia a proposta de uma declaração na COP30 que reconheça a participação ativa de milhões de descendentes da diáspora africana. A conservação do planeta é um compromisso coletivo, mas não haverá justiça climática sem justiça racial”, aponta a carta.

O que é a COP?

A COP, ou Conferência das Partes, é um órgão da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), composta por 197 países. A entidade é o principal espaço deliberativo da ONU para a execução de medidas assumidas pelos países para reverter a crise climática.

O encontro acontece desde 1995 e teve sua primeira edição em Berlim, na Alemanha. Neste ano, a COP chega à sua 30a edição e acontece pela primeira vez no Brasil, em Belém (PA).

 

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