Na Alepe: Debate cobra urgência para cirurgias em crianças com síndrome associada ao Zika Vírus

01/05/24

Ascom Alepe

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A situação de 138 crianças com Síndrome Congênita associada à infecção pelo Zika Vírus que aguardam cirurgia ortopédica no Estado foi debatida em audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa na última segunda. O encontro foi promovido pela Frente Parlamentar em Defesa dos Profissionais de Enfermagem e pelas Comissões de Saúde, da Mulher e de Cidadania. O procedimento é para corrigir luxações nos quadris, mas não há placas em quantidade suficiente na rede estadual de saúde.

Ortopedista responsável pelo atendimento dos pacientes, Epitácio Rolim explicou que a  síndrome congênita não está restrita a quadros de microcefalia, mas a uma série de malformações. Algumas crianças já nascem com luxações nos quadris, e outras desenvolvem com o tempo. Em todas elas, o quadro provoca fortes dores, que só cessam com a cirurgia. Ainda segundo o médico, um levantamento realizado em 2017 já indicava a necessidade dos procedimentos, que não foram realizados por falta de placas.

O problema novamente é que, quando nós indicamos já essa cirurgia tinha 40 crianças para fazer em 2018 para 2019, não foram, não aconteceram essas cirurgias. E naqueles pacientes que não nasceram com a luxação, mas já tinha o quadro indicando que aquilo iria acontecer se não fizesse uma cirurgia menor, naquela época lá, e não foi feito.”

Moradora de Escada, na Mata Sul, Vera Lúcia da Silva contou que a demora fez com que a filha Sofia Valentina precisasse passar por cirurgia no ano passado para retirar a cabeça do fêmur. Ainda assim, como só havia uma placa para colocar no quadril direito, até hoje a família espera pelo procedimento do quadril esquerdo. Mãe de Guilherme e presidente da UMA, União de Mães de Anjos, Germana Soares destacou que a longa espera também tem provocado o desenvolvimento de escolioses severas. Até agora, apenas uma criança fez o procedimento completo, nos dois quadris, e outras quatro em apenas um. Ela cobrou respostas concretas sobre a compra do material para as cirurgias.

Qual seria a maior dor de uma mãe ou de um pai? Qual seria a maior dor? Alguns falam que é perder, alguns falam que é quando a criança vem a óbito. Mas a pior dor de um pai e de uma mãe é ver seu filho morrendo e não conseguir fazer nada, o sentimento da impotência. Eu poderia falar horas sobre a dor que é para essas famílias, a quem estou representando. Ver seu filho precisar de tratamento e não ter. Mas vou aqui me deter a fatos. Estou aqui para falar da cirurgia dos quadris, da qual as nossas crianças precisam. A má formação dos quadris é a necessidade de intervenção cirúrgica para que possa viver.”

O debate foi coordenado pelo presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, do PSDB. O parlamentar salientou a importância da audiência pública por tornar ainda mais evidente a urgência do caso. “As crianças já não podem mais esperar. Estão no limite, com sofrimento físico diário e sob risco de morte. Além de aliviar as dores e garantir qualidade de vida às crianças, as operações podem minimizar a angústia das mães. Essa audiência pública conjunta tem o papel de buscar esclarecimento, informações e, acima de tudo, caminhos para que as cirurgias aconteçam de modo a atender a todas as crianças.”

O deputado Gilmar Júnior, do PV, que solicitou a audiência, informou que o Projeto de Lei de autoria dele, determinando o prazo de 45 dias entre as consultas médicas e as intervenções cirúrgicas ortopédicas em crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, tramitará em regime de urgência por decisão dos integrantes da Alepe.

Em resposta às cobranças, a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, argumentou que o Estado precisa respeitar prazos formais, estabelecidos por lei, para os casos de compras públicas. Ela disse ainda que em 20 dias a gestão deve apresentar o cronograma das cirurgias que serão realizadas ao longo do ano.

Nós temos uma compra emergencial de 20 placas a serem entregues esta semana, então as cirurgias vão continuar. Tem placas que estão sendo entregues e a rede própria, o Otávio de Freitas, vai continuar a operar. Infelizmente, a gente só tem aqui a equipe do Epitácio, e Yuri, aqui presente, e aí realmente a limitação, é uma limitação de tempo, física, de uma equipe só, mas dentro do que eles conseguirem fazer, a velocidade vai depender do que a equipe conseguir operar.”

Também participaram da audiência pública os deputados João Paulo Costa, do PCdoB; Simone SantanaDelegada Gleide Ângelo e Sileno Guedes, todos do PSB; Coronel Alberto Feitosa, do PL, Rosa Amorim, do PT, Dani Portela, do PSOL, e Socorro Pimentel, do União. O presidente Álvaro Porto fez a entrega simbólica de uma tonelada de alimentos arrecadados pela Casa, por meio do PedalAlepe 2024.

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