Bano Sapateiro: 92 anos; palmas para ele !!!!!

15/05/22

por Machado Freire

blogfolhadosertao.com.br

 

A familia, que ficou privada durante dois anos ( por causa da pandemia da covid-19) de festejar o aniversário do patriarca, hoje  também não vai fazer  festa porque o aniversariante amanheceu acometido da Chikungunya. “Estou  com o corpo mole”,  disse ele ao acordar nesta manhã.

 

 

Hoje, 15 de maio,  é dia de darmos um forte abraço  no sapateiro mais longevo de Salgueiro, Urbano Amâncio Pereira –  Bano. Ele  não pode comemorar os seus 92 anos com festa,  porque amanheceu o dia  reclamando que foi picado pelo mosquito da Chikungunya  e estava com o “corpo mole”, mas que no geral está bem de saúde. Um homem simples, de origem humilde, que  lutou  a vida inteira  com dignidade, tendo inclusive, ainda jovem que viajar para o Recife, onde trabalhou no advento da ditadura militar de 1964 ao lado de sapateiros de tendência esquerdista, chamados por alguns de “comunistas”.

 

Em Salgueiro, Bano  foi aluno do grande profissional Antonio Carlos Freire, sapateiro fino que atuava com firmeza no Cortume Nossa Senhora de Fátima, que  deixaram levar para Petrolina, inclusive com alguns funcionários que nunca voltaram para a Salgueiro Grande de Veremundo Soares.

Bano, cujo pai trabalhou no sistema elétrico construído por Veremundo Soares para iluminar a cidade (até a chegada a energia de Paulo Afonso), dedicou-se ao ramo de sapataria muito cedo. Foi funcionário dos empresários Pedro José Rosado, Afonso Ferreira e Antonio Brito, todos com endereço na estreita Rua Epitácio Alencar, conhecida também no passado como “Rua do Fumo”.

Ao voltar do Recife, bastante experimentado, o sapateiro passou uma temporada em Araripina e decidiu permanecer definitivamente em Salgueiro, onde passou a trabalhar por “conta própria”.  “Eu botei um negócio por conta própria, mas certo dia dei guarida a um sujeito que precisava de um lugar para  passar a noite. No dia seguinte, ao voltar para o trabalho senti o prejuízo: ele tinha levado minhas ferramentas, me deixando praticamente quebrado”, conta o profissional que nunca  baixou a cabeça pra nada diante das adversidades.

Até “pendurar as alpercatas”, rumo à aposentadoria definitiva, há dois anos (por insistência da família), Bano trabalhava em uma oficina localizada na confluência das Ruas Francisco Correia e Inácio de Sá, a poucos metros de sua residência, no centro da cidade.

Infelizmente, o “velho Bano”, não pode mais participar das interessantes pescarias com os amigos, nem mesmo recebê-los em casa para contar (e ouvir) as belas ‘histórias de pescadores”, por causa da Covid-19 que o obriga a se resguardar  ao lado da família.

“Ano passado, ainda improvisamos uma festinha, com direito a um bolo, mas este ano, nem isso a gente vai acontecer”,  relata  seu filho Beto da Compesa. “Não vai ter nenhuma festinha por causa dessa doença”, conta Beto.

Nascido em 15  de maio de 1930, o popular Bano  é casado com Roseira Avelina da Silva (Dona Moça), que nasceu em 27 de abril de 1921.

A prole de Bano e dona Moça conta com os filhos Alberto Pereira da Silva (Beto da Compesa), Aurenia Pereira da Silva, Auriene Pereira da Silva (Lili) e Adalberto Pereira da Silva (Nanan). Mais 13 netos e 8 bisnetos.

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