17/02/21
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Por Geraldo Eugenio +
Coluna de Agronegócios nos traz sua visão sobre a seca como nossa irmã incompreendida, nossa Geni.
Ela faz parte da família
Nem sempre, em uma família, todos falam a mesma linguagem. É o caso do clima. Para o sertanejo, falar em seca é falar em sacrifício, dificuldade, prejuízo. Acontece que este ser é parte de nós, é nossa irmã. Aquela que as vezes causa embaraços, mas que não poderemos esquecê-la ou desconsiderá-la.
Dois terços do período de chuva se foram
É bom que se entenda que, apesar da quebra no período de seca que começou em 2012 e se estendeu até 2018 e dos auspícios de um grande inverno em 2021, dois terços do período de chuva ocorreram no sertão e ela, ao que parece, está de volta.
A nossa irmã está a caminho
É como se estivesse revendo o filme bíblico que não acabou, os 7 anos de seca que debilitaram o sertanejo, deixando fazendas sem gado, terras sem pastos, açudes secos; cercas, casas e currais destroçados, débitos e nenhuma poupança. Aí é que há a necessidade de se estabelecer um programa contínuo de apoio ao produtor e empresário sertanejo para o pós-seca. Um reforço permanente tendo como objetivos: dados meteorológicos atualizados, previsões de tempo confiáveis, linhas de crédito acessíveis, seguro agrícola, acesso à internet, formação, assistência técnica e acesso ao mercado.
Aviso não faltou
Nas regiões do Araripe, São Francisco e Sertão Central do estado de Pernambuco o acúmulo de água nos açudes e barragens é uma fração do que do deveria ocorrer. É o momento em que o produtor, agentes de crédito, de assistência técnica e extensão rural, educação e comunicação devem estar mobilizados na construção de um programa de apoio às atividades produtivas do sertão. Nossa irmã logo estará nos visitando e não adianta dizer que ela não se anunciou.
Geraldo Eugênio + Engenheiro Agronômo, com mestrado na Índia e doutorado e pós-doutorado nos na Texas A&M University, Estados Unidos, é pesquisador do IPA e colaborador da empresa Inovate Consultoria & Projetos Ltda. Foi secretário de agricultura de Pernambuco, Presidente do IPA, do ITEP e Diretor Executivo da Embrapa. Viveu parte de sua vida em Serra Talhada, dedicando-se à agricultura de sequeiro e no Vale do São Francisco, quando liderou o programa de Hortaliças, do IPA. Atualmente tem acompanhado de forma direta políticas, tecnologias e iniciativas de gestão de secas, no Brasil e no exterior. Considera essencial entender melhor o Sertão, visualizando-o como um grande ambiente de negócios e sucesso.