27/12/20
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Em entrevista exclusiva ao jornalista Machado Freire – editor do jornal FOLHA DO SERTÃO, o prefeito eleito e diplomado de Salgueiro, Marcones Sá- foto (PSB) reafirma que dará prioridade à saude, evitará o nepotismo e confirmou que seu adversário, Clebel Cordeiro (PR) “fez um governo que cedeu à corrução”.
Folha do Sertão – Na condição de político experiente e que administrará o município pela terceira vez, como o senhor vai criar condições para gerar emprego e renda no município?
Marcones Sá- – Geração de emprego e renda é um dos grandes desafios dos municípios brasileiros, até porque na legislação brasileira, a arrecadação fica concentrada na mão do governo federal. Até os grandes estados que não são grandes produtores enfrentam essa dificuldade. Mas a gente não tem que ir pro povo com essa dificuldade burocrática, até porque durante a campanha os políticos não vão ao povo com essa agenda. A gente tem que ter a capacidade de estimular a iniciativa privada local, ter a capacidade de fomentar as políticas públicas de cultura, agricultura – principalmente agricultura familiar -, criar condições e assistência técnica rural. Além disso, a busca de parcerias, de investimentos externos para fomentar essa economia, gerando emprego e renda, claro que sempre com o olhar para de proteção à capacidade instalada do empresariado local. Nós vemos isso com muita esperança, até porque a própria aliança política nos trouxe um empresário e empreendedor, que dá mais energia a essa nossa experiência na caminhada política.
Folha do Sertão- O que mais lhe preocupa nos dados que sua equipe transição apurou?
Marcones Sá – O que preocupa, primeiro foi um desmonte das políticas públicas, que não é só fruto da administração local, mas também da visão do governo federal em relação às políticas públicas. O que a gente viu foi uma política de saúde totalmente descompromissada, zerada, a questão de medicamentos mesmo foi um desastre. Na zona rural também observamos um prejuízo muito grande da organização do povo, do trabalho coletivo, de associativismo, e praticamente nada de extensão e assistência técnica rural. Os setores de cultura também foram quase que dizimados, acabados, desprestigiados, então nós temos que pegar essa herança e reconstituir o caminho. Veio também como uma coisa muito negativa essa questão da corrupção que estão sendo denunciadas dos órgãos públicos do município.
Folha do Sertão – O senhor ganhou a eleição com uma coligação “enxuta”, mas no fundo grupos históricos (isolados) lhe deram apoio. De que forma sua administração vai retribuir essas “lideranças” com cargos de confiança?
Marcones Sá – Veja bem, nossas alianças não foram tão extensas como a própria pergunta coloca, basicamente fizemos aliança com o Cidadania, o PDT já fazia parte do grupo e a grande forma de fazer política é ouvindo o povo, é tendo a participação popular, que sempre foi a nossa bandeira de centralizar as bandeiras e principalmente as políticas para os menos favorecidos.
Folha do Sertão – A propósito, o senhor sabe quantos cargos de confiança o atual governo mantém e quantas pessoas de sua estrita amizade e confiança serão nomeadas para sua gestão?
Marcones Sá– O organograma da prefeitura de Salgueiro praticamente não mudou em relação ao nosso governo, não são muitos os cargos comissionados, o que a gente observou é que há muitos contratos, contratos estes que nós iremos analisar suas legalidades, então pode ter certeza que a nossa preocupação é com que os serviços funcionem e com que esses serviços cheguem às populações mais carentes. Salgueiro hoje não tem uma grade de muitos cargos comissionados e a gente tendo a prática que já teve no outro de utilizar nesses cargos comissionados muitos funcionários de carreira.
Folha do Sertão – Todos sabemos que nepotismo é crime na forma da Lei. Como o senhor vai enfrentar este problema já que o senhor tem muitos parentes capazes de colaborar com sua administração?
Marcones Sá – Muito bem, no meu governo a gente já combateu essa questão do nepotismo. É inegável que nossa família por ser uma família tradicional e grande tem muito gente qualificada, capacitada para participar do governo, mas eu não faço política nesse âmbito. A população pode ficar tranquila, que não haverá no meu governo, de minha parte, esse nepotismo.
Folha do Sertão – Pela sua vivência/experiência, é possível o administrador – no caso de prefeito, evitar que aconteçam deslizes e até usurpação do patrimônio e recursos públicos, do tipo “não roubar e não deixar roubar”?
Marcones Sá– Eu já falei que a corrupção é um dos grandes males da cultura brasileira e eu só acredito no combate à corrupção com a transparência e a participação popular, esses são os caminhos da gente estar combatendo efetivamente a corrupção e criando a cultura também, que é necessário no povo brasileiro de combater a famosa “Lei de Gerson” – dessa malandragem, então essa cultura tem que ser apagada da memória do povo brasileiro.
Folha do Sertão– Como o senhor avalia a recente operação conjunta da Polícia Federal e o Ministério Público para investigar desvios de cerca de R$3 milhões na Prefeitura, com o envolvimento de um secretário e um vereador eleito e já diplomado?
Marcones Sá – Eu vejo com muita tristeza, sei que ainda está na fase investigatória, não há ninguém ainda condenado, mas vejo com tristeza, primeiro porque expõe o nome e o patrimônio do povo de Salgueiro, que acaba ficando como um ambiente de corrupção. Segundo porque as pessoas que foram citadas são jovens e a gente espera que as velhas, antigas e arcaicas práticas políticas sejam dizimadas no país e quando a gente vê jovens envolvidos nessas velhas práticas a gente sente que não houve uma renovação para o bem, continua a mesma velha e hierárquica política do coronelismo mandando.
Folha do Sertão – O senhor disse recentemente que sua prioridade é a Saúde. Neste caso, os distritos e arrabaldes passarão também a ser bem atendidos? Haverá contratação extra de pessoal especializado? E compra emergencial de medicamente, sem licitação, devido a exiguidade do tempo?
Marcones Sá– Veja bem, não tenha a menor dúvida que a política que a população mais sente e reclama é a política de saúde. Estamos analisando agora na transição todos os processos licitatórios, com cuidado, para que a gente não utilize processos “viciados”, mas que se houver processos legais, iremos utilizá-los para fazer compra de medicamentos sem recorrer a compras emergenciais sem licitação. Caso não tenha, infelizmente, teremos que fazer o processo de dispensa, mas os medicamentos básicos serão vigiados de perto por mim, pelo vice prefeito, pelo secretário e especialmente pela população, a população precisa estar vigiando, cobrando e fazendo esse acompanhamento com a gente, porque não podemos deixar ocorrer o famoso fato da dipirona.
Folha do Sertao- Dizem que a política “é a arte de unir os contrários”. O seu vice se enquadra bem neste “princípio popular”, sem perigo de um “breve mal estar”? Ou seja, que Edilton Carvalho enxergará bem os limites da “liturgia” do cargo?
Marcones Sá- Na verdade, a gente fez uma aliança em nome do desenvolvimento de Salgueiro. Todo mundo sabe que a minha ideologia política e a de Edilton são de campos políticos opostos, mas isso mostra a grandeza dos dois lados em confluir em busca dos interesses da população de Salgueiro.
Folha do Sertão – Para concluir, já que o senhor disse com todas as letras que seu adversário é corrupto, seria possível apresentar os casos de corrupção praticados por Clebel Cordeiro na Prefeitura de Salgueiro?
Marcones Sá – Hoje a gente já tem alguns levantamentos que demonstram excessiva contratação, ferindo toda a questão da lei de responsabilidade, isso no período eleitoral é desigual. A gente assistiu durante a campanha as máquinas da prefeitura trabalhando final de semana, a noite e as vezes de madrugada, com uma eficiência nunca vista, isso ao meu ver é criminoso. E agora assistimos todo o processo investigativo da Polícia Federal, então tudo isso são indícios muito claros de um governo que cedeu à corrupção.