Lula e Trump se reúnem para negociar tarifaço pela primeira vez; o que se sabe até agora

27/10/25

Chefes de Estado, que se encontraram brevemente em setembro, sentaram para conversar pela primeira vez desde a implementação do tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26/10) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia.

É o primeiro encontro entre os dois desde que Washington impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros — medida que provocou a maior crise diplomática recente entre os países.

A reunião acontece durante a participação dos dois líderes na 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Durante a semana, os dois governos trataram o encontro com cautela.

Até as últimas horas, nem Brasília nem a Casa Branca haviam confirmado oficialmente a reunião, embora os líderes tivessem deixado a agenda livre antes do jantar oferecido pelo primeiro-ministro da Malásia.

A conversa aconteceu em Kuala Lumpur no período da tarde (de madrugada no horário de Brasília).

O encontro foi articulado ao longo de semanas por assessores dos dois governos, desde o breve cumprimento entre Lula e Trump em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Na ocasião, o americano afirmou que houve “química excelente” com o brasileiro e indicou estar disposto a fazer uma reunião bilateral.

O presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, em reunião com o presidente Lula acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e outras autoridades

Reuters
O presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, em reunião com o presidente Lula acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e outras autoridades

Nesta sexta-feira (24/10), Lula afirmou a jornalistas em Jacarta, na Indonésia, que não haveria “assunto proibido” no encontro.

“Tenho todo interesse nessa reunião. Quero mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, disse o presidente brasileiro. “Se eu não acreditasse que é possível chegar a acordo, eu não faria reunião.”

Trump também comentou sobre a possibilidade de reunir-se com Lula durante a viagem para a Malásia.

Ao conversar com repórteres, quando o presidente americano foi perguntado se estaria aberto a rever e reduzir as tarifas sobre o Brasil, Trump respondeu: “Sim, diante das circunstâncias certas.”

O principal objetivo do encontro era tentar destravar o impasse comercial e reduzir as tensões criadas pelas sobretaxas impostas por Washington.

Em setembro, Lula disse que esperava que a conversa fosse entre “dois seres humanos civilizados”, quando perguntado se temia constrangimentos como o que ocorreu no tenso encontro em Washington de Trump com o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, em fevereiro.

Nesta segunda (27/10), Lula completa 80 anos, mesma idade de Trump. A semelhança foi usada pelo brasileiro para quebrar gelo no encontro.

A viagem de Lula para o Sudeste Asiático, com passagem pela Indonésia e Malásia, faz parte de uma estratégia brasileira de diversificação de rotas comerciais, em busca de caminhos alternativos diante da deterioração nas relações com Washington.

A delegação brasileira inclui ministros de áreas estratégicas, como Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

Também acompanham Lula o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

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