06/05/25
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Queridos irmãos e irmãs,
Se vocês estão lendo isto, é porque eu já parti. E antes que a saudade lhes embace os olhos, deixem-me dizer algo com a voz da alma: não chorem por mim. Continuem fazendo bagunça.
Não vivi esta vida para ser lembrado por discursos ou fotografias. A única coisa que desejei, o único anseio que tive com toda a minha fragilidade, foi que voltássemos a olhar para Jesus. Que saíssemos às ruas com o Evangelho nos pés, com misericórdia nas mãos e com amor no coração.
Se alguma vez minhas palavras tocaram vocês, não as guardem. Transformem-nas em ação. Abram os braços para quem está sozinho. Perdoem quem os feriu. Recomecem quantas vezes forem necessárias. Não esperem que o mundo mude. Sejam vocês o começo.
Aos jovens, meus queridos rebeldes do bem: não deixem que lhes roubem a alegria nem a capacidade de se maravilhar. O mundo precisa da sua paixão, da sua arte, da sua linda loucura por aquilo que é justo.
Aos avôs e avós: obrigado. Vocês sustentam a história com silêncio e sabedoria. Não deixem de contar suas histórias. Não se aposentem do amor.
Aos padres, aos bispos, a toda a Igreja: não se tornem funcionários do sagrado. Sejam pastores. Com as mãos sujas de servir e o coração aceso de ternura.
E a você, que talvez esteja lendo isto com dor, com perguntas, com vontade de sentir algo mais… eu digo: Deus não foi embora. Ele está com você. Mesmo que você o sinta distante, Ele caminha nos seus passos cansados.
Eu vou em paz. Não porque não haja dor, mas porque confio. Confio em vocês. Na sua compaixão. Na sua alegria. Na sua fé, mesmo que seja pequenina como uma semente de mostarda.
Rezem. Cuidem da Terra. Defendam a dignidade humana. E quando se reunirem para comer, deixem uma cadeira vazia. Que ela seja para o pobre. Que ela seja para Jesus.
Não se esqueçam de rezar por mim. Eu estarei rezando por vocês. Sempre.
Com amor de pai,
Francisco