20/11/24
Por Gabriela Castello Buarque
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Pela primeira vez na história do Brasil é celebrado, como feriado nacional, o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra
O marco também homenageia Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do período colonial brasileiro, e seu papel como símbolo de resistência e liberdade.
“Zumbi foi o líder quilombola que comandou o maior quilombo do período colonial brasileiro, com uma estrutura que abrangia o que hoje seriam várias cidades da Mata Sul de Pernambuco e da Mata Norte de Alagoas. Sua morte, em 20 de novembro de 1695, após ter sido capturado, tornou-se um marco utilizado pelo movimento negro como uma data de resistência”, explica Estevam Machado, doutor em história e professor da Rede Estadual de Ensino.
O Dia da Consciência Negra surgiu na década de 1970, idealizado pelo Grupo Palmares, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de valorizar a memória de Zumbi e das populações negras.
A escolha da data como feriado nacional foi oficializada apenas em 2023. Sua força, porém, já vinha crescendo desde 2003, com a sanção da Lei 10.639, que tornou obrigatória a inclusão da história da África e da cultura afro-brasileira nos currículos escolares.
Em 2024, o feriado coincide com os 21 anos da Lei 10.639 e o encerramento da Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela ONU. Para Machado, é um momento de reflexão sobre as conquistas e desafios do movimento negro.
“A luta pela igualdade racial continua, e o 20 de novembro nos lembra disso. É uma data para questionar por que a maioria negra do Brasil ainda não ocupa espaços de poder e pensar em soluções para mudar esse cenário”, conclui o historiador.
Luta contra racismo religioso
Para Mirian Silva, de 64 anos, Ialorixá desde 2009, a oficialização do feriado representa mais um passo nessa luta.
“Nos meus primeiros anos, entraram no meu ilê, mexeram no meu Ibá, pegaram no meu altar, quando eu abri no outro dia, estava tudo pelo chão, no meio do quintal. Foi uma violência muito grande, racismo religioso mesmo”, contou a sacerdotisa.
A Ialorixá acredita que a oficialização da data no calendário nacional será um grande convite ao reconhecimento e consciência da história e cultura afro-brasileira.
“Encarei o preconceito cultural quando um político me procurou para entender o trabalho social que faço aqui na minha comunidade, como Ialorixá, e disse: ‘Não entendo nada dessas coisas, mas o que a senhora disser está bom’. Achei aquilo um desrespeito enorme, por ser uma pessoa pública que deveria conhecer a cultura do seu povo”, relatou Mirian.