04/04/23
Por Raphael Guerra/JC
blogfolhadoseertao.com.br
No total, 55% das vítimas de homicídios no Estado, no ano passado, tinham entre 13 e 30 anos de idade
Atualmente a rede estadual de ensino conta com 637 escolas em tempo integral, sendo 58 técnicas – FOTO: BETO DLC / JC IMAGEM
Para reduzir a violência – e tirar o jovem do caminho para a criminalidade – o governo de Pernambuco pretende ampliar o número de escolas estaduais em tempo integral. A ação faz parte de um pacote que será lançado pelo programa Juntos pela Segurança, substituto do Pacto pela Vida, neste mês de abril.
“A nossa grande preocupação é justamente com os nossos jovens. A gente não pode só pensar na parte repressora. A gente está com um trabalho conjunto com a secretaria que é dedicada à infância e à juventude. Há propostas para aumento efetivo das escolas em tempo integral e escolas técnicas”, disse a secretária de Defesa Social do Estado, Carla Patrícia Cunha, durante entrevista à Rádio Jornal.
Atualmente a rede estadual de ensino conta com 637 escolas em tempo integral, sendo 579 de ensino regular e 58 técnicas.
Os investimentos em ações de educação estão sendo avaliados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que vai entregar um diagnóstico de ações que precisam ser adotadas pelo governo de Pernambuco, em parceria com prefeituras, para combater à violência e garantir uma segurança mais cidadã.
No ano passado, 3.418 homicídios foram registrados pela polícia em Pernambuco. Desse total, 50% das vítimas eram jovens (18 a 30 anos) e mais 5% adolescentes (13 a 17 anos). Além disso, 70% de todos os assassinatos tiveram como motivação as atividades criminais – basicamente o tráfico de drogas.
A secretária Carla Patrícia Cunha reconhece que esforços precisam ser adotados para tirar esses jovens da situação de vulnerabilidade e evitar que eles sejam inseridos para o crime.
“(Precisamos) preparar esses jovens para o primeiro emprego. A gente tem consciência desse grande problema, mas não é um problema que será resolvido com repressão policial. Essa é a última medida. O Estado tem que se preocupar com questões antecedentes a isso. Educação, oportunidade, expectativa”, pontuou.
Na avaliação da socióloga Edna Jatobá, coordenadora executiva do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop), o investimento na educação deve contribuir com a queda dos índices de violência da faixa etária mais jovem.
“As experiências de outros países mostram que esse (educação) é um componente muito importante, mas ele precisa ser bem desenhado, bem estruturado, com metas específicas, com indicadores que auxiliem no monitoramento desse investimento, para que a gente consiga medir os resultados e observar o que tem dado certo”, disse.
Edna pontuou que o governo estadual também precisa dar atenção aos jovens egressos do sistema socioeducativo.
“Não tenho dúvidas da necessidade do investimento na educação dos adolescentes e jovens, que têm sido as principais vítimas da violência letal. Agora, essa estratégia deve estar alinhada a outras políticas sociais que contribuam para o afastamento deles da criminalidade. Precisa também de atenção aos egressos do sistema socioeducativo, que é um público que tem sido muito afetado por essa violência letal”, afirmou.
CONSULTA PÚBLICA SOBRE SEGURANÇA
Após 16 anos, o programa estadual de segurança pública deixou de se chamar Pacto pela Vida – marca que ficou registrada nas gestões do PSB.
O novo nome, Juntos pela Segurança, é o mesmo do programa criado pela governadora Raquel Lyra quando esteve à frente da Prefeitura de Caruaru, no Agreste do Estado.
A meta do Pacto pela Vida previa a redução anual de 12% na taxa de homicídios – mas poucas vezes esse resultado foi alcançado.
Além do lançamento oficial do Juntos pela Segurança neste mês de abril, o governo de Pernambuco também vai convocar a população a colaborar com ideias para o combate à violência.
A secretária de Defesa Social afirmou que um site será disponibilizado, em breve, para que o cidadão possa contar o que ele espera para a segurança pública.
“O Juntos (pela Segurança) vai trazer essa visão de maior integração, além da revisão dos indicadores, e vai procurar agregar à segurança pública os municípios e os desejos dos pernambucanos, que serão consultados ainda em abril sobre o que eles esperam para a segurança pública. As prefeituras também vão nos auxiliar nessas entrevistas”, disse Carla Patrícia.