Prefeito de Nova York critica presença de Bolsonaro na cidade: ‘Se você não quer se vacinar, nem precisa vir’

21/09/21

O Globo

blogfolhadosertao.com.br

Na semana passada, Bill de Blasio tentou obrigar todos os integrantes de delegações oficiais à Assembleia Geral a apresentarem certificado de vacinação
O prefeito de NY, Bill de Blasio, critica Bolsonaro em entrevista a jornalistas Foto: ReproduçãoO prefeito de NY, Bill de Blasio, critica Bolsonaro em entrevista a jornalistas Foto: Reprodução

 

NOVA YORK —  A ida do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a Nova York sem se vacinar foi criticada pelo prefeito da cidade, Bill de Blasio, em uma entrevista nesta segunda-feira. Bolsonaro chegou à cidade na noite de domingo para a abertura da sessão anual de debates da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira.

— Há protocolos fortes em vigor. Nós  precisamos mandar uma mensagem para todos os líderes globais, incluindo mais notoriamente Bolsonaro, do Brasil, que se você quer vir aqui, é necessário estar vacinado. Se você não quer se vacinar, não se dê o trabalho de vir — disse De Blasio, enquanto a tela a seu lado estampava uma foto do presidente brasileiro com expressão triste e a frase: “Se vacine”.

A falta de vacinação impede que o brasileiro vá a salões fechados de restaurantes em Nova York, por exemplo, onde há uma lei municipal que exige a apresentação de certificados de vacinação completa também para academias e centros de convenção. Na semana passada, De Blasio tentou obrigar todos os integrantes de delegações oficiais à Assembleia Geral a apresentarem certificado de vacinação.

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Hoje, ele disse também que a prefeitura está oferecendo vacinas gratuitas contra a Covid-19 para todos os líderes e funcionários que participarem da Assembleia Geral.

— Todos precisam estar em segurança e juntos, isso significa que todos precisam ser vacinados —  afirmou. — A grande maioria das pessoas nas Nações Unidas, a grande maioria dos Estados-membros estão fazendo a coisa certa.

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Apesar da exigência de De Blasio, a ONU confirmou na semana passada que presidentes, primeiros-ministros e diplomatas que participarem da Assembleia Geral não seriam obrigados a apresentar certificados de vacinação. A sede da ONU em Manhattan é um território internacional e não está sujeita às leis dos EUA. No entanto, os funcionários da ONU já se comprometeram a seguir as orientações locais e nacionais quando se tratasse da pandemia.

No domingo, o presidente brasileiro teve que driblar a regra que exige comprovante de vacinação em restaurantes, e comeu, ao lado de ministros, uma pizza na calçada da cidade. Na manhã desta segunda, ele tomou café da manhã no hotel, em uma área reservada à comitiva brasileira.  Segundo o G1, o gerente do restaurante, que não quis se identificar, disse que não iria cobrar o comprovante do presidente do Brasil.

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À tarde, a opção de almoço foi a área externa de uma unidade da rede brasileira de churrascarias Fogo de Chão — para comer em espaço aberto na cidade, não é necessário mostrar certificado. Para driblar a exigência, a churrascaria brasileira armou uma espécie de puxadinho externo, com mesas ao ar livre cercadas por tapumes pretos.

Troca de farpas

Em 2019, Bill de Blasio já havia se envolvido  em uma troca de farpas com Bolsonaro. As desavenças começaram em abril, quando um grupo pediu o cancelamento de uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil-EUA ao presidente brasileiro. Inicialmente, o prêmio seria entregue a Bolsonaro em Nova York, mas o prefeito deixou claro que o presidente brasileiro não seria bem-vindo.

ContextoGrupo pede cancelamento do evento de Bolsonaro em Dallas

De Blasio acusou o presidente brasileiro de ser “racista, homofóbico e destrutivo” e Bolsonaro rebateu chamando o prefeito de radical. Ele recebeu o apoio, entre outros, do vice-presidente Hamilton Mourão, que acusou o líder americano de ofender todos os brasileiros.

À época, o presidente cancelou a visita a Nova York e transferiu a agenda para Dallas, no Texas. Foi substituído no evento de Nova York pelo governador de São Paulo, João Doria, que mandou um recado para De Blasio no discurso e pediu que o americano fosse gentil com o presidente do Brasil. Hoje, o próprio Doria é um desafeto do presidente.

 

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