Das redes às urnas

26/10/25

Por Carlos André Carvalho (interino)

blogfolhadosertao.com.br

O cenário eleitoral para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) no ano que vem tem tudo para ser redefinido por um fenômeno cada vez mais comum: a migração dos chamados produtores de conteúdo em redes sociais para a arena política. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube passaram a ser tomadas por figuras como essas, falando sobre temas com apelos políticos, em busca de engajamento viral, e, por consequência, garantir votos no pleito de 2026.

Para muitos desses aspirantes, o capital político, no sentido que Pierre Bordieu atribuiu ao termo, não é construído, por exemplo, por anos de militância partidária ou trabalho comunitário tradicional, mas pelos milhares de seguidores e curtidas que acumularam nas plataformas. O desafio de uma campanha eleitoral, que historicamente exigia grandes estruturas e altos custos, torna-se, para eles, uma extensão de suas rotinas: produzir conteúdo que engaje.

A democracia fundamenta-se, em sua essência, no princípio da igualdade de oportunidades e no direito de todo cidadão elegível pleitear um cargo público. Desde que cumpra os requisitos legais estabelecidos, todo(a) e qualquer cidadão(ã) tem o direito constitucional de se candidatar. Neste contexto, a ascensão dos chamados influenciadores digitais nas redes sociais como pré-candidatos é um fenômeno natural. Com a capacidade de mobilizar milhões de seguidores, é esperado que muitos deles vejam a política como um próximo passo ou uma extensão de seu poder de comunicação. No entanto, o debate central que se instaura não reside na legalidade de suas candidaturas, mas na motivação e preparo para o parlamento.

A pergunta que não quer calar é: até que ponto há uma genuína vocação para o serviço público e um real comprometimento com as demandas da população? A política exige mais do que popularidade e engajamento digital. Teoricamente, demanda, por exemplo, capacidade de articulação, paciência para o debate complexo, profundo entendimento dos problemas sociais e, acima de tudo, uma ética de dedicação integral ao bem comum. Entre os “caçadores de likes” que querem ser políticos, quais estão preparados para isso?

Promessa
Presidente estadual do União Brasil e pré-candidato ao Senado Federal, Miguel Coelho prometeu ontem, em entrevista a uma emissora de rádio de Ouricuri, um mandato diferenciado: “Estou pronto, preparado e querendo inaugurar um novo tempo no Senado, em que o mandato seja exercido de Pernambuco para Brasília, e não o contrário”.

Agenda
A agenda de hoje do presidente do TJPE, Ricardo Paes Barreto, que assumiu ontem interinamente o governo do estado, inclui visitas às obras da PE-061, da PE-060 e da PE-073.

De volta
A partir de terça-feira, a coluna volta às mãos da titular, Betânia Santana, depois de um merecido período de descanso. Agradeço à colunista e à Folha de Pernambuco pela oportunidade de substituí-la nesses dias.

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