20/05/22
Por Bruno Marinho e Roberto Beltrão, g1 PE e TV Globo
blogfolhadosertao.com.br
Ex-pároco do Morro da Conceição estava em tratamento contra o câncer. Ele conquistou a admiração e a amizade do arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Câmara.
Padre Reginaldo deixou a esposa Edileuza Osório Pereira Veloso, com quem era casado desde 1994, e o único filho do casal, João José .
Pesar
Por meio de nota, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), expressou “profundo pesar” pela morte do padre Reginaldo e afirmou se “solidarizar com seus familiares, amigos e seguidores neste momento de dor e tristeza”, além de desejar que “ele esteja em paz”.
No texto, o governador se referiu ao padre como “um humanista que dedicou sua vida às causas sociais e ao trabalho pelos mais necessitados” e falou sobre a trajetória do religioso.
“Nas décadas de 70 e 80, à frente da emblemática paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Recife, este alagoano de alma e cidadania pernambucana, adepto da Teologia da Libertação, deixou uma marca na luta contra a repressão e em favor de uma igreja democrática e do empoderamento popular, construindo uma bonita trajetória, recentemente retratada nas telas”, disse Paulo Câmara.
O monsenhor Luciano Brito, que é vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife e responde pela instituição durante uma viagem de Dom Fernando para a Itália, também se pronunciou sobre a morte do padre Reginaldo através de uma nota de pesar.
“A Arquidiocese de Olinda e Recife vem expressar as mais sinceras condolências por sua morte à sua família e amigos”, declarou Luciano, no texto. Ele também falou sobre as contribuições do padre Reginaldo para a Igreja Católica. “Reginaldo Veloso foi presbítero na Arquidiocese de Olinda e Recife, onde exerceu seu ministério sacerdotal na Paróquia Santa Maria Mãe de Deus, no bairro da Macaxeira, e na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição. Muito contribuiu para o Setor de Música Litúrgica da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] com suas composições, muitas das quais cantadas nas celebrações litúrgicas em todo o Brasil”, disse o monsenhor.
O Movimento de Trabalhadores Cristãos – NE II também divulgou uma nota de pesar.
“Externamos a dor desta breve separação e nos solidarizamos com sua esposa Edileusa, com seu filho João José e com toda a família, amigos e amigas de Reginaldo neste momento. Pedimos a consolação nos braços amorosos do paizinho, na certeza do acolhimento de nosso irmão em sua luz e junto a todos os mártires de nossa gente”, afirmou.
O padre Reginaldo foi um incentivadores das comunidades eclesiais de base, formadas por paroquianos que se organizavam para, como cristãos, atuar politicamente. O objetivo era melhorar a vida da população nos bairros mais pobres, em questões como direito à moradia e aos serviços públicos.
Por causa dessa atividade junto à comunidade, padre Reginaldo ganhou a admiração do arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Câmara.
O padre Reginaldo foi perseguido pelo regime militar. Compositor de hinos religiosos, ele foi preso por fazer uma música em homenagem ao padre italiano Vitor Miracapilo, pároco do município de Ribeirão expulso do Brasil pelo governo militar no começo da década de 1980, acusado ser subversivo.
Em 1985, dom Helder Câmara deixou o comando da Arquidiocese de Olinda e Recife e foi substituído por dom José Cardoso Sobrinho, que era contrário à atuação das comunidades eclesiais de base.
No ano de 1989, dom José Cardoso Sobrinho destituiu o padre Reginaldo da Paróquia do Morro da Conceição e o suspendeu do exercício do sacerdócio. A alegação foi de que o padre incitava, nos fiéis, uma aversão ao arcebispo.
A comunidade do Morro da Conceição ficou solidária com o padre Reginaldo e protestou, mas a decisão não foi revogada pelo arcebispo. O padre se recusou a deixar a paróquia. A arquidiocese entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse para que um novo pároco pudesse assumir.