Raquel Lyra defende que federação entre PSDB e MDB seja de oposição no Estado

05/02/22

Por Renata Monteiro

blogfolhadoseertao.com.br

No Estado, o PSDB está na oposição, enquanto o MDB integra a base do governo

CARUARU
Raquel Lyra, prefeita de Caruaru – Foto: Caruaru

Prefeita de Caruaru e pré-candidata ao Governo de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) comentou nesta sexta-feira (4) as negociações entre PSDB e MDB sobre a formação de uma possível federação visando as eleições deste ano. No Estado, o PSDB está na oposição, enquanto o MDB integra a base do governo, mas a gestora foi taxativa ao afirmar que, se a aliança for oficializada, o grupo não fará parte da Frente Popular. Presidente estadual do MDB, o deputado federal Raul Henry diz ser contra o desembarque da sigla da coligação.

“O PSDB e o MDB compreenderam a importância de partidos que têm história enraizada pela luta democrática, pela construção do nosso País, se unirem para a construção dessa aliança, e essa discussão pode culminar em uma federação. Nós temos capacidade de diálogo, tenho respeito pelo senador Jarbas Vasconcelos, pelo deputado federal Raul Henry, as principais lideranças do MDB em Pernambuco, e se esse for o caminho vamos sentar à mesa, mas sempre considerando que o debate sobre o projeto de Pernambuco está de pé. O PSDB é de oposição, e havendo federação com o MDB, ela será de oposição ao Governo do Estado”, declarou Raquel, em entrevista à Rádio Pajeú pela manhã.

Nesta semana, os presidentes nacionais do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi, anunciaram que têm conversado sobre a federação, mas ambos os partidos vêm paralelamente negociando alianças com outras agremiações, como o Cidadania e o União Brasil, por exemplo. Em Pernambuco, contudo, lideranças emedebistas demonstram resistência em acatar o acerto.

“O MDB é um partido muito heterogêneo, nasceu como frente democrática e hoje tem a característica de uma frente de partidos estaduais. Há uma propensão maior de aliança com Lula no Nordeste e com Bolsonaro no Sul, para você ter ideia do nível de complexidade. Eu ainda não conversei com o presidente Baleia Rossi sobre o assunto, então não sei qual o ambiente, qual a tendência dentro do partido”, declarou Raul Henry.

O deputado federal afirmou, ainda, que o diretório pernambucano não tem intenção de deixar a base do governo e que defenderá essa posição junto à nacional. “A nossa posição em Pernambuco sobre isso é de quem faz parte da Frente Popular e de quem apoia a candidatura da senadora Simone Tebet no plano nacional. Essa é a posição que vamos defender nesse debate. Quando formos convidados a debater essa questão, vamos dizer que a nossa posição é consolidada, que vem de 2012 para cá, que estamos há dez anos dentro de uma aliança ampla na qual nós temos participação, na qual Jarbas foi eleito senador’, disse.

De acordo com a legislação eleitoral, caso dois ou mais partidos decidam formar uma federação, eles precisam manter-se juntos nacionalmente, ou seja, no âmbito federal, estadual e municipal, como uma única legenda. A aliança deve durar pelo menos quatro anos.

O deputado estadual Tony Gel (MDB) reforçou as diferenças regionais percebidas dentro do MDB e disse acreditar que dificilmente o partido conseguiria consenso para o estabelecimento de uma federação. “Há muitos interesses regionais em jogo. O MDB de Alagoas é completamente diferente do de Pernambuco. O de São Paulo é diferente dos dois. O do Rio de Janeiro é diferente. São muitos pensamentos. Em muitos Estados o MDB tem candidatos a governador e ninguém quer abrir mão disso. A federação poderia ser feita mais facilmente com um partido que não tivesse tantas candidaturas estaduais, mas esse não é o caso do PSDB”, avaliou.

Sobre o argumento usado por Bruno Araújo para defender a federação, de que ela poderia fortalecer as duas siglas no Congresso Nacional, o parlamentar afirmou que há alternativas que causariam menos impactos para resolver essa questão. “Eu não subestimo o pensamento de Bruno Araújo, tem muito de experiência e inteligência no que ele fala. Mas se o MDB não formar uma federação com o PSDB, nada impede que os eleitos pelos dois partidos formem um bloco partidário a partir de 2023”, pontuou Tony Gel.

Os partidos brasileiros têm até o dia 1º de março de 2022 para formalizar federações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além das citadas anteriormente, estão em curso negociações de alianças também entre PT, PSB, PV e PCdoB, entre o PSOL e a Rede, entre o Cidadania e o Podemos, e entre o Cidadania e o PDT, por exemplo.

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