Uma nova estratégia comercial para o mel do Araripe

19/02/21

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A caatinga após uma semana de chuvas testemunhou a transformação de ramos secos, inertes, em uma cobertura vegetal luxuriante. Flores que surgem a um piscar de olhos e um aroma inigualável. Ali temos as nossas minas de perfumes, cremes, unguentos, pomadas e fármacos

Engenheiro Geraldo Eugênio (  Foto: Divulgação)

 

O mel perante a história

Ao se debruçar sobre história do homem, alguns produtos são emblemáticos, a exemplo do mel, do couro e do leite e, coincidentemente fazem parte do dia a dia do sertanejo. Basicamente não há civilização que não tenha dependido do mel como alimento e adoçante, realçando os sabores e os odores das mais diversas culinárias. Que o digam os gregos, os romanos, nossos povos indígenas e nós mesmos.

A caatinga e a produção melífera

Quem visitou a caatinga após uma semana de chuvas testemunhou a transformação de ramos secos, inertes, em uma cobertura vegetal luxuriante. Flores que surgem a um piscar de olhos e um aroma inigualável. Ali temos as nossas minas de perfumes, cremes, unguentos, pomadas e fármacos. Coincidentemente, dezenas de espécies de abelhas que se adaptaram ao nosso clima também sentem a mesma sensação e, avidamente, correm às flores coloridas e com sabores distintos a coletar o néctar, matéria prima para sobrevivência da colmeia e da produção dos inúmeros produtos produzidos por milhares de fábricas maravilhosas.

 

Um dos mais importantes setores econômicos do Sertão e Agreste

Neste sentido, o Sertão e o Agreste de Pernambuco simbolizam a produção de mel de excelente qualidade. Seja a partir de árvores nativas ou exóticas, ou de blends de vários tipos de flores. O mel em si é um dos principais produtos da economia do Sertão do Araripe e lá, temos uma das regiões melhor representam a apicultura e a meliponicultura.

Chegou o momento de avançar com uma estratégia comercial diferente

Um problema persiste, a débil estratégia de comercialização de um produto com origem definida: o mel da caatinga e, aí, o produto diferenciado é vendido como um outro qualquer. Vários esforços foram empreendidos e continuam sendo no sentido de melhor organizar o sistema de promoção e venda. No momento em que os canais de comercialização foram ampliados em especial via e-commerce, um plano de capacitação e incentivo à venda direta deve ser posto em prática. Ou se aproveita a oportunidade ou se continuará assistindo o mel produzido no Araripe ser vendido a granel para as empresas de outros estados que o processa e comercializa em todo o Brasil e no exterior com um valor agregado infinitamente superior.

E, como diria o nosso Vandré, “para não dizer que não falei de flores”.

 

+ Geraldo Eugênio: Engenheiro Agronômo, com mestrado na Índia e doutorado e pós-doutorado nos na Texas A&M University, Estados Unidos, é pesquisador do IPA e colaborador da empresa Inovate Consultoria & Projetos Ltda. Foi secretário de agricultura de Pernambuco, Presidente do IPA, do ITEP e Diretor Executivo da Embrapa. Viveu parte de sua vida em Serra Talhada, dedicando-se à agricultura de sequeiro e no Vale do São Francisco, quando liderou o programa de Hortaliças, do IPA. Atualmente tem acompanhado de forma direta políticas, tecnologias e iniciativas de gestão de secas, no Brasil e no exterior. Considera essencial entender melhor o Sertão, visualizando-o como um grande ambiente de negócios e sucesso.

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