Ana Arraes: uma peça nova no velho xadrez político pernambucano

  O nó  entre  ARRAES e CAMPOS

 

Declarações da ministra da TCU mostram como o imponderável pode entrar no jogo

Por JC

A ministra do TCU Ana Arraes defendeu Antônio Campos contra críticas do neto João Campos / Foto: Rodrigo Carvalho/Acervo JC Imagem

A ministra do TCU Ana Arraes defendeu Antônio Campos contra críticas do neto João Campos
Foto: Rodrigo Carvalho/Acervo JC Imagem
O desabafo que a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes direcionou na última semana ao seu neto, o deputado federal João Campos (PSB), mostrou ao Estado que fraturas aparentemente fechadas na família Arraes-Campos seguem abertas e incomodando os membros do clã. Na ocasião, a mãe do ex-governador Eduardo Campos e filha do também ex-governador Miguel Arraes não descartou candidatar-se ao governo do Estado em 2022 e cravou: “a origem política é minha. O nascedouro é meu”, colocando em segundo plano o próprio João, a sobrinha Marília Arraes (PT) e até o filho caçula, Antônio Campos (Pode), a quem a ministra tentava defender de críticas do neto.

Mas o que muda no xadrez político pernambucano com o retorno dessa personagem? Segundo o cientista político Arthur Leandro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ainda é cedo para fazer projeções nesse sentido. O docente diz, contudo, que as declarações de Ana Arraes apenas mostram o aprofundamento de uma crise que nasceu após a morte de Eduardo, em 2014, quando vários membros da família iniciaram uma disputa pelo espólio do socialista.

O analista frisa ainda que, apesar de tentar apropriar-se da herança política de Arraes e Eduardo, a ministra tem tanta tradição política quanto o filho, o neto e a sobrinha. “Ana Arraes veio disputar uma eleição tardiamente (em 2006 foi eleita para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados). Ela se lança candidata no momento em que Eduardo já era uma figura conhecida, ele já era o herdeiro de Arraes. Então, embora ela se coloque como a origem do clã, em grande medida ela é filha de Eduardo. Foi o lançamento das pretensões inclusive presidenciais de Eduardo Campos que sustentaram eleitoralmente o nome de Ana Arraes. Ela foi para o TCU como a mãe de Eduardo. Portanto ela seria uma figura nova do ponto de vista de uma disputa majoritária”, explicou.

Professor da Asces-Unita, o cientista político Vanuccio Pimentel destaca, também, que, caso a ministra queira levar a cabo sua candidatura ao governo de Pernambuco em 2022, provavelmente terá que encontrar uma sigla que apoie o seu projeto, pois deve não encontrar espaço no PSB, partido ao qual esteve ligada até 2011, quando assumiu o cargo no TCU.

“Os Campos têm uma influência muito grande nesse jogo interno do PSB, muito maior do que qualquer outra liderança, inclusive no caso de Ana Arraes. Uma coisa é o legado político, outra coisa é a disputa no PSB. Essa luta (no partido) não existe, ela já está ganha pelos herdeiros de Eduardo. Eles têm um peso muito grande e um apoio interno muito significativo”, detalhou Pimentel

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