Declarações da ministra da TCU mostram como o imponderável pode entrar no jogo
Por JC
Mas o que muda no xadrez político pernambucano com o retorno dessa personagem? Segundo o cientista político Arthur Leandro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ainda é cedo para fazer projeções nesse sentido. O docente diz, contudo, que as declarações de Ana Arraes apenas mostram o aprofundamento de uma crise que nasceu após a morte de Eduardo, em 2014, quando vários membros da família iniciaram uma disputa pelo espólio do socialista.
O analista frisa ainda que, apesar de tentar apropriar-se da herança política de Arraes e Eduardo, a ministra tem tanta tradição política quanto o filho, o neto e a sobrinha. “Ana Arraes veio disputar uma eleição tardiamente (em 2006 foi eleita para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados). Ela se lança candidata no momento em que Eduardo já era uma figura conhecida, ele já era o herdeiro de Arraes. Então, embora ela se coloque como a origem do clã, em grande medida ela é filha de Eduardo. Foi o lançamento das pretensões inclusive presidenciais de Eduardo Campos que sustentaram eleitoralmente o nome de Ana Arraes. Ela foi para o TCU como a mãe de Eduardo. Portanto ela seria uma figura nova do ponto de vista de uma disputa majoritária”, explicou.
Professor da Asces-Unita, o cientista político Vanuccio Pimentel destaca, também, que, caso a ministra queira levar a cabo sua candidatura ao governo de Pernambuco em 2022, provavelmente terá que encontrar uma sigla que apoie o seu projeto, pois deve não encontrar espaço no PSB, partido ao qual esteve ligada até 2011, quando assumiu o cargo no TCU.
“Os Campos têm uma influência muito grande nesse jogo interno do PSB, muito maior do que qualquer outra liderança, inclusive no caso de Ana Arraes. Uma coisa é o legado político, outra coisa é a disputa no PSB. Essa luta (no partido) não existe, ela já está ganha pelos herdeiros de Eduardo. Eles têm um peso muito grande e um apoio interno muito significativo”, detalhou Pimentel