12/11/25

O Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), localizado em Abreu e Lima, foi a primeira unidade do sistema prisional do Estado a receber o projeto Reescrevendo Novos Caminhos – ação da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização que usa a literatura como instrumento de inclusão. O projeto prevê várias iniciativas, como rodas de conversas com escritores, oficinas de leitura e escrita e doação de livros que serão adotados no Programa de Remição de Pena pela Leitura. Nesta terça-feira (11), Cannibal, músico, compositor, ativista social e autor do livro “Música para o povo que não ouve” , esteve durante toda a manhã com cerca de 50 detentos falando sobre sua história e de que forma os livros foram essenciais em sua trajetória.
“Esse projeto traz em sua essência a vontade de ampliar a circulação de livros e de estimular o hábito da leitura junto às pessoas que estão no sistema, ajudando a todos, a partir de seus próprios esforços em busca de conhecimento, a retornar à sociedade depois de cumprirem suas penas”, assegurou o presidente da Cepe, João Baltar Freire, que prestigiou a primeira edição do projeto.
Para o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Paulo Paes, as vivências propostas pelo projeto impactam diretamente nas ações de estímulo à educação nas unidades prisionais. “Quando trazemos essa perspectiva para as pessoas que nunca tiveram acesso a um livro ou à educação, abrimos novos caminhos. Temos o programa de remição pela leitura que a cada ciclo permite a redução de quatro dias da pena. Trazer para as unidades os autores para uma conversa direta, falando sobre o seu livro e a sua história, gera uma grande empatia”, destacou.
Para Cannibal, o projeto Reescrevendo Novos Caminhos é antes de tudo um grande aprendizado. “Essa experiência é uma grande troca porque falo sobre a minha vida e estou conhecendo a vida de tantas pessoas que podem ter seus erros recuperados pela arte. Mas é preciso que eles queiram mudar. Estar aqui para incentivar é muito importante porque essas pessoas não tiveram as oportunidades que tive com a arte. Passar a mensagem de que a literatura pode mudar suas vidas é uma grande experiência. A arte salva”, disse.
Na manhã desta terça-feira, Marlon Henrique, 28 anos, que cumpre pena no Cotel, apresentou um rap feito especialmente para o encontro. “Eu quis trazer a realidade que a gente vive na comunidade e fazer uma referência sobre o projeto, que é muito importante, e sobre Cannibal. Agradecer por acreditar em nossa mudança. É um desafio,não é fácil, mas quando a gente tem pessoas que acreditam no que a gente pode fazer isso muda muito a nossa auto-estima”.
O Cotel conta com cerca de quatro mil pessoas privadas de liberdade (PPL). Destas, mais de 700 participaram do Programa de Remição pela Leitura, mais de 300 estão inscritas nos cursos de qualificação profissional e 70 participam do Prevupe (pré-vestibular da UPE). O projeto Reescrevendo Novos Caminhos tem caráter permanente e terá edições em outras unidades masculinas e femininas.
Fotos: Daniela Nader
Importante ação que traz uma oportunidade aos infratores, de conhecer um mundo de outros objetivos e esperanças. A Educação constrói.