Veja os principais pontos do acordo assinado por Sport, Santa Cruz e Náutico no MPPE para proibir organizadas

13/02/25

Redação DP

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Fortalecimento da luta contra violência das uniformizadas: MPPE impõe medidas rigorosas aos principais clubes do Estado de Pernambuco
<i>(Foto: Priscilla Buhr/AMCS)</i>

A intensificação do cerco às torcidas organizadas no futebol pernambucano foi formalizada com a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e os clubes Sport, Náutico, Santa Cruz e a Federação Pernambucana de Futebol na última terça-feira (11). O acordo visa o distanciamento entre os clubes e as torcidas organizadas, com foco na eliminação de qualquer forma de apoio ou vínculo financeiro.

O encontro teve caráter de ultimato para os clubes, cobrando que eles tomem ações práticas de rompimento com as uniformizadas com longo histórico de violência, uma vez que o discurso nem sempre condiz com a realidade – veja exemplos abaixos.  Lembrando que no último dia 1º de fevereiro tivemos brigas generalizadas, que chocaram o País, no clássico entre Santa Cruz e Sport. E no próximo sábado (15), tem o primeiro clássico após esse pacote de medidas. Sport e Náutico jogam na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Pernambucano.
“O objetivo principal é dissociar essas torcidas organizadas dos clubes pernambucanos. Fazer com que elas não tenham nenhum apoio, não encontrem nos clubes esses locais para que façam as badernas, pois são vândalos e não torcedores. Colocamos no TAC algumas cláusulas onde os clubes se obrigam a não prestigiar essa pessoas, nem colaborar com dinheiro e auxílio nenhum que possibilite que essas torcidas possam continuar frequentando os estádios”, enfatizou o Subprocurador-Geral de Justiça em Assuntos Institucionais do MPPE, Renato da Silva Filho.
Pelo futebol, estiveram na reunião Yuri Romão (presidente do Sport), Bruno Becker (presidente do Náutico), Marcos Benevides (vice-presidente do Santa Cruz) e Evandro Carvalho (presidente da Federação Pernambucana de Futebol). Participaram também o Subprocurador-Geral de Justiça em Assuntos Institucionais do MPPE, Renato da Silva Filho; o coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor) do MPPE e do Centro de Apoio Operacional à Atuação Criminal (CAO Criminal), Antônio Arroxelas; a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor, Liliane Rocha; e o Promotor de Justiça que atua no Juizado do Torcedor, José Bispo.
Veja os principais pontos do acordo:

1. Corte de vínculos financeiros e logísticos: Os clubes se comprometeram a não fornecer recursos financeiros, como ingressos ou transporte, às organizadas.

 
O que já aconteceu
Em entrevista coletiva após cenas de violência de torcidas organizadas, o Secretário de Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho, acusou dirigentes de clubes de conivência, financiamento e relações íntimas com as uniformizadas.

2. Proibição de símbolos e bandeiras: Não serão mais permitidos símbolos, faixas ou bandeiras das torcidas organizadas dentro dos estádios. Além disso, não haverá mais espaços exclusivos para essas torcidas, que hoje, mesmo proibidas de frequentarerm os estádios pela Justiça desde 2020, se concentram nos mesmos locais, inclusive estendendo suas faixas.

O que já aconteceu
Após o cancelamento dos CNPJs, as principais torcidas organizadas do Trio de Ferro adotaram novas identidades, alterando tanto seus CNPJs quanto seus nomes. Assim, a Jovem do Sport, o Inferno Coral e a Fanautico passaram a se chamar, respectivamente, Jovem do Leão, Explosão Inferno Coral e Náutico até Morrer. Com essas mudanças, as torcidas conseguiram retomar o acesso aos estádios. 

3. Controle de acesso dos membros das torcidas: Os clubes deverão identificar e proibir o acesso de qualquer membro das torcidas organizadas, inclusive aqueles identificados com símbolos ou vestimentas associadas a essas torcidas, às dependências dos clubes e eventos internos.

O que já aconteceu
A principal torcida organizada do Náutico promoveu uma festa de comemoração no dia 15 de dezembro em 2024, nas dependências da sede dos Aflitos. O clube não se pronunciou sobre o episódio.
Também no final do ano passado, integrantes da principal organizada do Sport, realizaram um treino de luta livre em uma área interna da Ilha do Retiro. O clube divulgou que “afastou o funcionário que autorizou que o ato ocorresse dentro do clube. “O Sport Club do Recife informa que tomou conhecimento, na manhã desta sexta-feira (13/12), que um grupo de pessoas realizou, sem ciência e autorização do Clube, o que foi denominado como um treinamento de luta livre nas instalações internas da Ilha do Retiro. Após apuração dos fatos, decidiu-se pelo imediato desligamento do profissional que autorizou que o ato ocorresse dentro do Clube. Por fim, o Sport reforça o posicionamento e atuação social em prol de repudiar qualquer tipo de violência, sejam elas vinculadas diretamente ou não ao futebol” .
Isso sem falar nas invasões nos Ct’s. Em 2024, alguns membros da uniformizada alvirrubra invadiram o centro de treinamento do clube com o intuito de intimidar os jogadores devido ao desempenho na Série C. Essas invasões também foram vistas no Santa Cruz e Sport em várias ocasiões.
4. Desassociação dos membros das torcidas: Os clubes também deverão garantir que membros das torcidas organizadas sejam removidos de seus quadros de sócios e de qualquer cargo ou função dentro dos clubes.
O que já aconteceu
Após o ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza, o Sport emitiu uma portaria solicitando a aplicação de penalidades disciplinares e administrativas a 34 associados, que possuem histórico de violência. Para identificar os associados em questão, o Sport cruzou dados do clube com informações fornecidas pela Secretaria de Segurança Pública (SDS) do estado de Pernambuco.
5. Sistema de controle de acesso: Até junho de 2025, os clubes deverão implementar sistemas de venda de ingressos eletrônica, com identificação facial nas catracas e controle de imagens do evento.
O que já aconteceu
O Sport anunciou que concluiu a instalação do sistema de biometria facial em todo o estádio da Ilha do Retiro e, a partir do clássico contra o Náutico, que ocorrerá neste sábado (15), o acesso será exclusivamente por meio dessa tecnologia, sem distinção de setor.
Em contrapartida, o Náutico informou que implantará a biometria facial em todos os portões dos Aflitos até o fim de fevereiro. Já o Santa Cruz, por meio do grupo de investidores da SAF, pretende implementar o sistema de reconhecimento facial no estádio do Arruda em um prazo de até 90 dias.
As medidas adotadas no TAC serão revistas e reavaliadas a cada seis meses, por meio de reunião dos clubes com o Ministério Público e órgãos de segurança pública.

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