29/06/24
Thais Araújo
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Resultados revelam média de mais de 300 fragmentos de microplásticos em cada amostra de 200 ml de sedimento nas praias
Os trabalhos começaram em 2019, em naufrágios na costa pernambucana. A partir daí, em 2022, foi iniciada a coleta de amostras de sedimentos em diferentes praias da região, incluindo Paiva, Suape, Porto de Galinhas e Tamandaré.
A investigação, divulgada na última quarta-feira (26), é liderada pelo biólogo e coordenador Múcio Banja e pela pesquisadora Jéssica Mendes.
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Além disso, a pesquisa também está explorando a presença de microplásticos em animais marinhos, como as esponjas, que são animais filtradores e que capturam partículas presentes nas correntes marítimas.
Os resultados preliminares indicam uma quantidade alarmante de microplásticos acumulados nesses organismos, o que ressalta a importância de entender os impactos dessa contaminação na fauna marinha.
“A quantidade de microplásticos encontrados em nossas amostras é extremamente preocupante. Essa contaminação representa um sério risco para o ecossistema marinho e para a saúde humana”, disse a pesquisadora Jéssica Mendes.
Os pesquisadores do Iati ressaltam que esses resultados são apenas o começo de um estudo mais amplo e que ainda há muito a ser investigado. Mas os dados obtidos até o momento são preocupantes e exigem ações imediatas para mitigar os efeitos negativos dos microplásticos no ecossistema costeiro.
“O impacto dos microplásticos no meio ambiente é, muitas vezes, subestimado pela população. No entanto, esses pequenos fragmentos representam uma ameaça real à vida marinha e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros “, comentou Múcio Banja.
Técnica
O estudo, realizado ao longo de períodos de estiagem e chuvoso, contou com a coleta de sedimentos por mergulho autônomo.
As amostras foram submetidas a protocolos de análise que incluíram separação do sedimento e dos microplásticos por meio de flotação, identificação em microscópio estereoscópio e análise granulométrica para classificação sedimentológica.
A pesquisa também buscou correlacionar a presença de microplásticos com fatores como ação das correntes marinhas e influência dos rios como o Jaboatão (praia do Paiva), Massangana e Tatuoca (praia de Suepe).
Os resultados indicaram uma associação direta entre a presença de microplásticos e a dinâmica costeira, destacando a praia do Paiva como uma área especialmente sensível aos impactos antrópicos (ações realizadas pelo homem).
Além de estudar a presença de microplásticos no sedimento litoral, o Iati está desenvolvendo tecnologias inovadoras para separar as pequenas partículas de microplásticos dos corpos dos animais estudados.
Sobre o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (Iati)
O instituto é uma entidade privada sem fins lucrativos e, como um instituto de ciência e tecnologia (ICT), se dedica ao desenvolvimento de soluções inovadoras para enfrentar desafios tanto tecnológicos quanto ambientais.
Com sede no Recife, o instituto conta com uma equipe de mais de 150 cientistas e especialistas qualificados para a construção de um futuro sustentável.