Citado em relatório do Coaf, ourives Heitor Cunha diz não saber motivo de transferência para Mauro Cid


Segundo a PF, indícios contra pessoas próximas a Bolsonaro surgiram a partir de material encontrado no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Segundo a PF, indícios contra pessoas próximas a Bolsonaro surgiram a partir de material encontrado no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

O ourives citado no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por fazer uma transferência bancária para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmou ao g1 ter feito o depósito, mas disse não poder fornecer provas a pedido da Polícia Federal. Heitor Garcia Cunha, que é joalheiro e dono de uma loja de aparelhos eletrônicos, em Goiânia, disse não saber o motivo da transação.

“Não tenho nada a ver, não o conheço, nunca o vi, não sei quem é. Fiquei sabendo agora”, afirma.

O documento, que foi obtido pelo jornal O Globo, detalha que Heitor depositou uma parcela única de R$ 20.520 para Mauro Cid, em 2022. O g1 tentou na tarde desta segunda-feira (21) falar com o advogado Cezar Roberto Bitencourt, que representa o tenente-coronel, para solicitar um posicionamento, mas não obteve sucesso até a última atualização desta reportagem.

Oficial com mais de 20 anos de Exército, Mauro Cesar Barbosa Cid ocupou o cargo de ajudante de ordens do ex-presidente nos quatro anos de mandato. O tenente-coronel é investigado pela Polícia Federal (PF) suspeito de desviar e tentar vender ilegalmente as joias e relógios presenteados por delegações estrangeiras à Presidência da República em viagens oficiais.

Heitor é ourives, dono de uma banca especializada na venda de aparelhos eletrônicos no Hipercamelódromo OK, no Setor Campinas, e foi citado pelo relatório do Coaf. Em entrevista ao g1, ele confirmou que realizou o depósito para Mauro Cid em junho de 2022, mas detalha que recebeu os dados de terceiros e que não se lembra o motivo da transação.

“Tudo é um mal entendido de um depósito que eu fiz para conta de uma pessoa que outra pessoa me passou os dados”, afirma.

O joalheiro conta que não tem nenhuma participação no “esquema” e que, inclusive, desconhece o tenente-coronel. “Uma pessoa me passou a conta para fazer o depósito para fazer o pagamento para ele”, disse. Heitor alega ainda que essa é uma prática “normal” de qualquer comerciante, que, segundo ele, recebe a chave Pix para fazer pagamentos no dia-a-dia.

Questionado se a transação foi realizada para a banca no camelódromo ou algum serviço de joalheria e o motivo dela, o Heitor afirmou que não se lembra, mas que entregou os comprovantes e conversas para a Polícia Federal (PF). Além disso, informou que prestou depoimento e contou a história, que, para ele, é um um mal entendido envolvendo o nome dele.

O caso das joias

A venda ilegal de joias dadas como presentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante o mandato dele é alvo de investigações da Polícia Federal (PF).

No dia 11 de agosto, uma operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão envolvendo pessoas ligadas ao ex-presidente, como o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid.

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