Especial de domingo: Querem calar os nossos sotaques !

07/05/23

Cajueira

blogfolhadosertao.com.br

Por que nossas formas de falar incomodam tanto?

 

Opa, diga aê, como tu tás? Semaninha curta é massa demais, né? Mas sabe o que deixa a gente aqui da Cajueira ainda mais feliz? Saber de novos veículos de jornalismo independente nos estados do Nordeste. Queremos ver o Mapa Cajueira todo povoado de iniciativas nordestinas de comunicação que produzem conteúdo original e de qualidade. E se tu ainda não fuçasse no nosso mapa, vai lá conhecer 😉

Pois falando em novidades, é com muita alegria que a gente apresenta o site Mangue Jornalismo, o mais novo veículo independente de Sergipe, lançado em abril deste ano. O site é um produto do Centro de Estudos em Jornalismo e Cultura – Cirigype, que é “uma associação sem fins lucrativos que busca realizar um jornalismo de qualidade e independente“. Vem prestigiar porque tá muito bonito e já tem várias reportagens. Vida longa ao projeto!

Tu pode começar pela matéria sobre um empreendimento de alto padrão está causando impactos ambientais na zona de expansão de Aracaju, dificultando o acesso da comunidade local ao rio Santa Maria, e provocando o aterramento do manguezal e a derrubada de árvores nativas. Essa é uma denúncia que dificilmente seria feita pela imprensa tradicional do estado, e isso revela a importância de iniciativas como o Mangue Jornalismo.

É realmente muito importante fomentar as produções independentes do Nordeste, sobretudo as digitais, que possam ser acessadas por todo o país, e, assim, podemos construir um outro Brasil – melhor representado em suas diversidades regionais e territoriais. Portanto, continue nos mandando os novos projetos que vocês encontrarem, e aproveita pra contribuir com o nosso trabalho e com o de tanta gente gabaritada que tá lá no nosso mapa.

Quem sabe quando todo o país consumir mais produtos feitos pela galera dos nove estados do NE, a gente vai parar de passar por situações como as que citaram dois grandes artistas de nossa região recentemente. A pernambucana Ademara e o cearense Max Petterson opinaram recentemente sobre as cobranças que sofrem por causa dos seus sotaques.

Ademara precisou explicar no Twitter sobre a sua origem, como resposta às críticas alheias infundadas de que ela força o jeito de falar. E Max contou no episódio do seu novo podcast “Escutou Porque Quis” sobre o dia em que um agente artístico pediu pra ele disfarçar o sotaque em um vídeo que seria enviado para a Globo.

Ademara e Max foram enfáticos em defender que são talentosos o bastante para representar qualquer personagem e que ninguém tem o direito de interferir na forma como eles falam quando não estão em cena. Não se pede isso a sudestinos, por que exigir de nordestinos?

Depois dessa, fique com a nossa curadoria de primeira do mês.

Um cheiro,

Sirva-se!


Mais novidade nova

Quem tá chegando por aqui também é o Portal Soteropreta, primeiro site de notícias voltado para a produção cultural soteropolitana “construída, formada, mobilizada e destinada à comunidade negra de Salvador“. Lá, tu fica sabendo dos melhores eventos da capital e dos singles recém lançados, além de conferir entrevistas exclusivas e reportagens sobre afroempreendedorismo.

E acabou de sair do forno a sexta edição da Revista Bárbaras, que traz na capa reportagem sobre um assunto permeado por tabus e preconceitos: a luta de mães pelo direito ao cultivo e uso da cannabis medicinal para o tratamento de saúde de seus filhos. Todas as pautas da publicação têm perspectiva de gênero, raça, classe e território.

Ainda falando em coisa nova, o poeta e compositor piauiense Thiago E transformou o seu livro “Os gatos quando os dias passam” no single “Compasso”, com participação especial de Arnaldo Antunes. Tem uma prévia dessa obra de arte musical e detalhes sobre sua composição no site da Revista Revestrés.

Imperdíveis

Se eu fosse tu, tacava logo o play neste episódio d’As Cunhãs com Fabiana Moraes, que não é segredo pra ninguém que é a nossa referência no jornalismo brasileiro. O mote da conversa foi uma coluna que ela escreveu para o The Intercept sobre como a ‘velhofobia’ está entre nós, atravessando grupos sociais diversos e como as redes sociais contribuem para aprofundar essa distorção social. Mas o papo foi longe e elas falaram também sobre os estereótipos de pautas no Nordeste. Um feat é um feat, né amores? Não tem como ser ruim.

Já o podcast Elas Pesquisam entrevistou a pesquisadora, antropóloga e liderança indígena Mislene Ticuna para um episódio que fala sobre resistência. Dale play também!

Outra boa é a entrevista de Maria Goretti, irmã do eterno Chico Science, que falou com o pessoal do É Noisy podcast sobre a infância com seu irmão, revelou frases que achou depois da sua ida, e contou tudo sobre o lançamento do Acervo Chico Science. Anamauê, auêia, aê!

Tu conhece o Caso Mizael?

Pouco se ouve falar no caso do Mizael Fernandes, assassinado no município de Chorozinho, no Ceará, durante uma ação policial. Ele estava dentro da casa de sua tia, Lizangela, quando o crime ocorreu. Em janeiro deste ano, ela, que era a única testemunha ocular, desapareceu misteriosamente. O blog Escrivaninha falou sobre a importância de nacionalizar e dar visibilidade a esse caso.

Conheça ainda a história de dona Francisca Santos, a última umbandista do quilombo Teixeira que se converteu ao neopentecostalismo. Em parceria com o coletivo Acauã, a Marco Zero Conteúdo publicou uma reportagem sobre a conversão dela na comunidade da zona rural do município de Betânia, Sertão do Moxotó, ao neopentecostalismo. No quartinho em que ela praticava sua religião dois anos atrás, “as imagens foram retiradas do altar, cobertas com um lençol e guardadas em um armário nos fundos da casa”. Por respeito às divindades, dona Francisca não se desfez de tudo.

Por fim, mas não menos importante:

O “Casa da Praia Lab – Outros Nordestes” está com edital aberto para a segunda edição do laboratório de roteiros realizado pela produtora potiguar Casa da Praia Filmes. O projeto é fortemente baseado na pesquisa do livro A Invenção do Nordeste, de Durval Muniz, que já entrevistamos aqui pra Cajueira. No ano passado, o laboratório foi chamado de Sala de Roteiristas e jovens da grande Natal desenvolveram roteiros de curtas.

Este ano será para todo o Nordeste e longas-metragens, selecionando 15 projetos que repensem o imaginário nordestino e construam outras possibilidades para este século. Arretado né? As inscrições serão aceitas até dia 18 de maio! Ah! E Pedro Fiuza, produtor de Sideral, contou pra gente também que o curta “A Edição do Nordeste”, que ele está fazendo desde 2018, deve ser lançado neste ano.

A gente termina também mandando um cheiro carinhoso para o pessoal do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), que anunciou uma pausa na newsletter. Os conteúdos da objETHOS sempre foram uma inspiração para a Cajueira. Esperamos que vocês voltem em breve 😉

Gostasse? Ajude a Cajueira a continuar combatendo preconceitos contra o Nordeste. Mande um pix para cajueira.ne@gmail.com

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