Marília Arraes e Anderson Ferreira exigem cheque em branco de um eleitor cansado de calotes

14/09/22

Por Igor Maciel

blogfolhadosertao.com.br

Hoje, sabemos como pode ser o comportamento de Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (UB) e Danilo Cabral (PSB) caso sejam eleitos para o governo. Dos outros dois, não.

FOTO: CHICO BEZERRA/PJG
WAR Marília deu jogo de estratégia de presente para o prefeito evangélico Anderson Ferreira durante a campanha no Recife em 2020 – FOTO: FOTO: CHICO BEZERRA/PJG
As ausências reiteradas de Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) nos debates só tem objetivo similar, mas os motivos são bem diferentes.

No debate da Rádio Jornal, nesta terça-feira (13), a candidata do Solidariedade usou como justificativa uma sabatina que aconteceria às 12h05 na TV Globo.

O debate da rádio terminou quase 20 minutos antes do compromisso seguinte. A justificativa só seria válida, pelo trânsito, se as duas emissoras estivessem distantes uma da outra. Mas, literalmente, é só atravessar a rua, pois são vizinhas.

A candidata, na verdade, queria aproveitar a vantagem que tem sem se expor ao debate, porque sabe que seria questionada.

Colocar-se para assumir a cadeira mais importante da administração pública do estado, que é cercada de problemas por todos os lados, e fazer isso sem a disposição de se fazer presente para qualquer questionamento dos adversários, é um princípio lamentável.

Ainda haverá outras oportunidades. Caso isso não mude, terá sido um imenso desrespeito com o eleitor.

No caso de Anderson, que também faltou, o objetivo é se preservar também, mas não porque está em vantagem na corrida. O ex-prefeito de Jaboatão tem a seu favor o apoio de Bolsonaro (PL), mas carrega o “ônus inerente”: a rejeição.

Ele já é o segundo candidato mais rejeitado, segundo as pesquisas, mas pode ser pior, dependendo da exposição. Enquanto a rejeição ao presidente está em torno de 60%, a de Anderson chegou a 19%. Quanto mais associado ao presidente, mais ele pode absorver intenções de voto, como também pode ver a rejeição disparar.

Quando participa de sabatinas, o candidato ao governo fala para os seus próprios eleitores. Mas, em um debate, terá que se expor a todos os públicos. A associação direta ao bolsonarismo pode aumentar sua rejeição antes da hora.

O desafio de Anderson, que até agora ele tem cumprido, é conseguir manter a antipatia do eleitor por ele mais baixa que a de Bolsonaro sem abrir mão da simpatia bolsonarista em Pernambuco.

Mas, as ausências dele se revestem do mesmo desrespeito ao eleitor, caso persistam até o fim da eleição.

Estratégia em uma eleição é importante, mas não pode ser maior do que a disposição para o debate de ideias e a comprovação de que se consegue funcionar sob pressão.

Hoje, sabemos como pode ser o comportamento de Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (UB) e Danilo Cabral (PSB) caso sejam eleitos para o governo.

Mas, ninguém tem a mínima ideia do que esperar de Marília e Anderson no mesmo cargo. O desrespeito dos candidatos está em obrigar o eleitor a ir votar no escuro sobre eles.

Estão exigindo um cheque em branco dos pernambucanos que já levaram vários calotes nas últimas eleições. É justo?

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