24/05/22
Negociações se intensificaram no partido, que não fecha a porta nem mesmo para o ex-governador paulista
Com a saída do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) da disputa presidencial, as negociações na terceira via para a indicação do vice em uma eventual candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) se intensificaram.
O entorno da emedebista também espera uma definição sobre a vaga, que diz ser “100% do PSDB”. O presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, deixou a possibilidade aberta para Doria, que a aliados nega qualquer interesse. Depois dele, o nome que desponta como favorito é o do senador Tasso Jereissati (CE).
Um dos maiores defensores da candidatura da emedebista no PSDB, Tasso é visto com bons olhos pela campanha da senadora, em especial por sua interlocução com empresários e influência política no Nordeste, onde foi governador do Ceará.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite é tido como o “vice dos sonhos” de Tebet, mas tanto a campanha da emedebista quanto a cúpula tucana consideram pouco provável uma composição com ele.
Outra possibilidade distante é atrair Luciano Bivar, pré-candidato a presidente do União Brasil, para a chapa. O partido de Bivar, no entanto, ainda descarta retirar a pré-campanha dele e caminha para formar uma chapa puro-sangue com a senadora Soraya Thronicke (MS) como vice.
A saída de Doria da disputa presidencial não foi suficiente para unir o partido, e a prova disso foi o adiamento da reunião da Executiva. No plano apresentado por Araújo, o encontro serviria para dar aval à escolha de Tebet Uma ala formada pela “velha guarda” do PSDB, contudo, é contra apoiar Tebet.
A crítica ficou explícita nas palavras do pré-candidato ao governo de Minas e ex-coordenador das prévias Marcus Pestana (PSDB-MG), que classificou a possibilidade de aliança com o MDB como “um caminho que vai levar o PSDB à morte”. Ao Globo, ele afirmou que a sua nota “surtiu” efeito.
— Tanto que a reunião foi adiada — disse ele.
O presidente do Cidadania, que também faz parte da coligação em discussão, Roberto Freire expressou surpresa ao Globo ao ser informado do adiamento.
— Uma semana toda? Deve ser para fazer algumas discussões que precisam ser feitas nos estados. Nós não temos nenhum problema em termos de contradição de candidaturas a governos estaduais, como o MDB pode ter com o PSDB — afirmou ele, que manteve a reunião da Executiva do Cidadania para referendar o nome de Tebet para amanhã.
Cidadania corre por fora
Em meio ao embate interno no PSDB, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é vista como opção por integrantes do grupo, embora os tucanos reivindiquem a prioridade na indicação,
Freire, confirmou que o nome dela foi aventado na reunião da terceira via ocorrida na última quinta-feira, mas ressalvou que a discussão ainda é “prematura”.
— Ela seria uma grande vice e é hoje uma grande liderança. Mas não temos que precipitar qualquer discussão nesse sentido antes de consolidar o programa comum que queremos ao país — afirmou ele.
Um interlocutor do PSDB, que também participou do encontro da semana passada, no entanto, afirmou que o nome de Eliziane foi cogitado como estratégia para criar um “fato novo” na eleição presidencial de 2022 – uma chapa única formada por duas mulheres.
Questionado sobre a eventual composição com Tebet, Eliziane respondeu: — Seria um grande ganho ao Brasil e à representação feminina. Eu estou à disposição do partido. Algumas pessoas já me perguntaram, mas o partido só vai discutir isso mesmo na terça-feira (dia 24). Isso precisa passar pelo debate partidário.
Na reunião, os dirigentes partidários foram apresentados a uma pesquisa produzida pelo Instituto Guimarães que indicava que as mulheres terão papel preponderante no pleito deste ano – o que reforçou os argumentos a favor de uma chapa com duas mulheres. Pesa ainda a favor de Eliziane o fato de ela ser do Maranhão, o que poderia agregar votos da região Nordeste à candidatura do chamado “centro democrático”.
Apesar de ter frisado que o cargo de vice só deveria ser discutido depois, Freire lembrou de uma chapa pura feminina formada por Lídice da Mata (PSDB) e Beth Wagner (PPS), que ganhou as eleições para a prefeitura de Salvador, em 1992.