Domingão de Notícias com Machado Freire

O  educador, filósofo e escritor Paulo Freire completaria 100 anos hoje (19). Ele nasceu em 19 de setembro de 1921,  no bairro de Casa Amarela, no Recife e fez história ao apresentar um método inovador de alfabetização praticado no Brasil e em diversos países. A sabedoria de Paulo Freire era tão grande que mesmo depois da morte, em 2 de maio de 1997, as palavras dele continuam vivas e atuais. Era filho de  uma família de classe média, mas a crise ocasionada  pela  Bolsa de Valores de Nova York, que causou  depressão mundial na década de 1930, apresentou ao menino bem nascido uma realidade comum a muitos brasileiros: precisou sentir na pele o drama da fome. E foi devido a sua história de vida humilde, que Paulo Freire passou se preocupar muito com os menos favorecidos e se engajou em tentar mudar essa realidade.   Ainda muito  jovem, ele  conseguiu uma bolsa no extinto Colégio Osvaldo Cruz. Logo após, entrou para a Faculdade de Direito do Recife e ao se formar, em 1946, o escritor decidiu não seguir carreira, pois se encontrou como professor de língua portuguesa e foi onde encontrou um método de alfabetização revolucionário que rodaria todo o mundo. Um dos grandes feitos do filósofo, aconteceu na década de 40, no município de Angicos, no estado do Rio Grande do Norte, em apenas 40h horas o educador conseguiu alfabetizar 300 alunos.  Paulo ensinava a todas as pessoas que elas não deveriam se sentir pequena diante dos obstáculos. Mostrava que a educação era o único caminho para subir os degraus da vida. Nesse processo, não era necessário decorar as coisas e sim compreender o contexto. E com essa filosofia que o educador fundou no Recife o Movimento de Cultura Popular, marcado por estimular a consciência política e social dos indivíduos. ” Ninguém começa lendo a palavra, porque antes da palavra, o que a gente tem pra ler é a disposição da gente tem pra ler à disposição do mundo. E a gente ler o mundo na medida em que a gente o compreende e o interpreta”, palavras do escritor. Hoje, no dia do seu centenário, o educador recebe homenagens em todo mundo, principalmente no Recife. Nesta-segunda-feira (20), Paulo Freire será homenageado na Câmara Federal, por solicitação da deputada federal Marília Arraes, cujo avô Miguel Arraes era amigo de Paulo Freire, que também foi  perseguido pela ditadura militar de 1964.

Paulo Freire  foi perseguido pelo Golpe de 1964 – Após a aplicação do golpe de 1964 pelos militares e a retirada do presidente João Goulart do poder, o método de alfabetização de Paulo Freire foi retirado e o educador foi preso no Recife  por mais de 70 dias. Após sua soltura, precisou se exilar na embaixada da Bolívia, depois foi para o Chile, país  o qual ele voltou a alfabetizar e escreveu vários livros que ganharam repercussão internacional. Depois se mudou para os Estados Unidos e virou professor da Universidade de Harvar, até chegar em Genebra, na Suíça, onde fez um grande trabalho. Voltou ao Brasil em 1980, e passou a ensinar em Universidades, em seguida virou secretário de educação de São Paulo e se tornou patrono da educação brasileira e educador do mundo. Paulo Freire morreu em São de um ataque cardíaco em 1997, mas deixou um grande legado para a humanidade. Bolsonaro chama Paulo Freire de ”energúmeno” e diz que programação da TV Escola ”deseduca”.

Viúva de Paulo Freire lembra o marido como se estivesse vivo. Sobre o centenário do marido ela afirma: “E eu estaria dizendo a ele como a primeira coisa antes dos parabéns, que o amo muito. Tenho a presença dele muito clara nestes 24 anos de ausência”,  diz  Nita Freire, sobre o homem que dedicou uma vida a versar sobre uma educação que liberta e transforma, não como mero ato de transferir conhecimento, mas como processo que vai além do indivíduo e espelha realidades.  Mestre e doutora em Educação, Nita sucedeu à primeira esposa de Paulo Freire, Elza Freire – que se casou com ele em 1944, período que se tornou professor no Colégio Oswaldo Cruz, instituição onde estudou quando adolescente, e ingressou na Faculdade de Direito do Recife.   Sua entrega à alfabetização dos mais pobres não tardaria, com a implementação na década de 1960 do chamado “Método Paulo Freire” e com a mais importante obra de seu acervo, “Pedagogia do Oprimido”.