Por Machado Freire

O processo sucessório com vistas à renovação do comando da Prefeitura Municipal de Salgueiro navega em “águas turvas” e poderá culminar com uma tormenta para as oposições, caso não apareça um bom navegador para assumir o barco que está em vias de naufragar.
Em outras palavras, significa que em vez de somar valores com a participação de lideranças de peso, as peças desse xadrez estão dentro de um ambiente comparado a uma “Torre de Babel”, onde pode-se falar em muitos idiomas diferentes, mas ninguém está usando um português claro.
Até o presente, não foi realizada nenhuma reunião ou encontro nas hostes das oposições visando a possibilidade de se discutir a situação políico-administrativa do município, que seria o primeiro caminho ou a tentativa do anúncio de uma série de encontros para, ai sim, se discutir nomes visando a composição da chapa majoritária que iria enfrentar as atuais lideranças governistas que, ao que parece, estão mais para “deixa como estar para ver como é que fica”.
A falta de diálogo e de “cabeças pensantes” para debelar o “ambiente hostil” que reina no “quartel de Abrantes”, está enveredando num caminho difícil, indicando que que” está mais para urubu do que para colibri”.
E essa danação já tem resultados práticos dignos de avaliação, a começar pelo lançamento relâmpago da pré-candidatura do vereador Hercílio Carvalho(PSB) para prefeito, que teria recebido apoio e até autorização do ex-prefeito Marcones Libório para “colocar o nome na rua”. Só que a bancada socialista na Câmara de Vereadores fez de conta que “não viu , não ouviu e não gostou”, levando o preparado e experiente Hercílio a desistir do seu projeto que nem chegou a ser discutido no seio das oposições e sequer avaliado pelo PSB local.
O vereador George Sampaio, que emergiu no campo governista, ao lado dos atuais prefeito e vice prefeito e depois tornou-se oposição, a exemplo do vereador Ednaldo Barros, foi outro que buscou seu próprio caminho e se autoproclamou pré-candidato a prefeito às eleições de 4 de outubro. Não se sabe se ele estaria colocado como “oposição de verdade” , “situação” ou “coluna do meio”.
O último episódio no campo da falta de comando, da ausência de um discurso único e consistente, como oposição, ex-vereador e ex-vice prefeito Luiz Carlos de Souza, conhecido por Dr. Cacau, que já militou por várias siglas e hoje está filiado ao PT, cujo diretório municipal passou para o seu comando.
Cacau disse em uma emissora de rádio -depois de defender a inocência dos ex-presidentes Lula e Dilma (um discurso que se tornou chato e inoportuno para o momento, que exige uma avaliação da situação local), que é outro pré-candidato a prefeito. Vale lembrar que nas duas últimas eleições, Cacau e seu pequeno grupo (do ponto de vista numérico) já esteve em vários palanques, desde o de Marcones e Creuza Pereira até o apoio ao atual grupo dominante que teve uma vitória expressiva contra o candidato do PSB, Marcelo Sá. Diga-se de passagem, que o candidato vitorioso não passava de alguém que nunca teve militância política. “Elegeram um poste”, como dizia o ex-governador Eduardo Campos.
Fica claro- nesta simples e modesta avaliação, que a luta política em Salgueiro descambou, faz tempo, para o campo pessoal e individual, e deixa cada vez mais frágil e carente de discurso propositivo de futuro para o desenvolvimento do município que vive um tremendo marasmo político, administrativo e econômico,onde só se fala em calçamento e emendas parlamentares.
Resta saber, por último, qual o caminho que o grupo do deputado federal Gonzaga Patriota vai seguir, porque o parlamentar disse, dias atrás, que pelo fato de já ter apoiado “zebras e leões” (foram estas as suas palavras) chegou a hora de eleger um nome da família Patriota. É verdade que Gonzaga também deixou claro que as portas continuavam abertas para o diálogo com todas as vertentes políticas do município.
Espera-se que -faltando um bom tempo para as eleições, se encontre tempo para que se olhe com seriedade para este sofrido e decadente “Salgueiro Grande de Veremundo Soares”.