Missa da Discórdia: Antonio Souza protesta contra exclusão da Fundação Padre João Câncio da Missa do Vaqueiro, em Serrita

23/07/23

Magno Martins

blogfolhadosertao.com.br

 

Ontem a Fundação Padre João Câncio emitiu nota protestando contra  a Prefeitura e Diocese de Salgueiro:  “donas da  festa”

Nos últimos anos, o empresário Antônio Souza (foto)  tem sido o maior patrocinador da tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita. Há pouco, ele fez um manifesto de indignação ao blog pelo fato da Fundação João Câncio ter sido alijada do evento este ano por mera perseguição da Prefeitura Municipal.

“Mobilizados pela Fundação João Câncio, os músicos que retratam a cultura popular na Missa são patrocinados por nós. Estou indignado com essa postura da prefeitura, mas, desde já, garanto que nenhum deles, mesmo não estando na Missa, vão deixar de receber seus cachês”, disse Souza.

As apresentações estavam previstas para este domingo e contariam com a presença do poeta Geraldo Amâncio, do humorista João Cláudio Moreno, dos cantores Josildo Sá e Flávio Leandro, além da dupla Cícero Mendes e Chico Justino, entre outros. “Todos são identificados com a cultura popular, são a cara do evento”, desabafa Antônio Souza, que se declara fã incondicional desses artistas.

A revolta de Antônio Souza pelo o afastamento imposto à entidade é compartilhada por centenas de vaqueiros e artistas nordestinos que já se encontravam a  caminho do evento. O empresário garante que cada um dos compromissos com esses artistas, apresentado no planejamento da Fundação pela sua representante maior, incansável Helena Câncio, será cumprido.

Mas ele desaconselha a participação, sob forma de protesto pela indignação e afastamento da Fundação do evento.

 

 Nota emitida pela Fundação João Câncio

É com profunda tristeza que a *FUNDAÇÃO PADRE JOÃO CÂNCIO*, que leva o nome do fundador de umas das principais celebrações religiosas do Brasil – A MISSA DO VAQUEIRO –, vem a público externar sua indignação com a manipulação que acabou por alijar a sua participação neste evento tão grandioso, especialmente para o povo nordestino e, em particular, para os pernambucanos.
Hoje, a *MISSA DO VAQUEIRO* virou um grande negócio que movimenta milhões de reais, principalmente no que podemos chamar da parte “profana”, que por um lado tem um papel positivo ao movimentar a economia do município e região, mas que também contribuiu para uma certa descaracterização do evento e interferindo até na parte religiosa da festa.
E fomos atingidos em cheio. 
A partir de um convênio firmado, a Prefeitura Municipal de Serrita e a Diocese de Salgueiro praticamente se tornaram donas da festa. Um dos primeiros reflexos desse acordo foi limar a participação da Fundação, que há mais de 10 anos – junto com a própria igreja – vinha cuidando da celebração, incluindo a participação de artistas locais e dos próprios vaqueiros, razão da existência da missa. Como consequência direta, apresentações desses artistas foram cortadas e o próprio formato da missa foi comprometido. 
Da nossa parte, vamos continuar lutando – inclusive por meios legais – para resgatar não apenas o nosso papel de protagonista do evento, mas também para honrar a memória do Padre João Câncio, do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e do poeta Pedro Bandeira, mentores desta justa homenagem a Raimundo Jacó e a todos os vaqueiros do sertão nordestino.

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