COP30 pode ser marco da liderança do país no mundo

10/11/25

Mariana de Souza

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A partir desta segunda (10), o Brasil recebe lideranças de centenas de países para debater a agenda climática. Para especialista, evento ainda gera dividendos políticos

COP30 acontece em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro/Evaristo Sa/AFP

COP30 acontece em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro (Evaristo Sa/AFP)

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) começa nesta segunda-feira (10), em Belém, no Pará, marcando um momento crucial para o Brasil no cenário da política global. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é anfitrião do evento, buscando reforçar a imagem do país como de liderança ambiental, sendo um dos protagonistas na agenda verde mundial.

Ao longo de quase duas semanas, até 21 de novembro, Belém se torna o epicentro do debate climático global. Além da agenda ambiental, o governo tem usado o evento para reforçar seu reposicionamento diplomático. As recentes viagens do presidente Lula à África e ao Sudeste Asiático mostram uma estratégia de coalizão verde do Sul Global, unindo países emergentes em torno de uma pauta de justiça climática.

Para o governo, a imagem de liderança verde pode gerar dividendos políticos, externos e internos. “Tudo que mobiliza imprensa e sociedade tem potencial de retorno político”, observa o professor Pedro Rivas, coordenador da pós-graduação em ESG da ESPM, sobre eventuais ganhos políticos ao governo nas eleições de 2026.

Para o especialista, o evento também tem papel crucial para o Brasil, tanto no campo diplomático quanto no simbólico, e a realização do encontro em Belém oferece ao Planalto uma oportunidade de reassumir o protagonismo perdido anos atrás.

“É a primeira vez que o evento acontece no Brasil, e na Amazônia. O impacto é muito grande no sentido de incluir, mesmo que não seja de forma perfeita, uma população, um bioma, uma região, que não tem a tradição de receber grandes eventos como esse, principalmente considerando a relevância. Um evento dessa proporção modifica principalmente o território, com investimentos, oportunidades e visibilidade”, afirma.

Rivas ressalta que o Brasil volta ao cenário climático “como player importante, pela força, potencial e versatilidade na produção de energia, de origem fóssil à renovável”. “O Brasil lançou o Fundo Floresta Tropical Para Sempre, que é um mecanismo que está sendo muito bem recebido pela comunidade global, que busca incentivar e financiar a preservação e reflorestamento, por exemplo”, ressalta.

INOVAÇÕES
Pela primeira vez, o país recebe o principal fórum internacional sobre o clima, reunindo mais de 100 delegações estrangeiras e um público estimado de 50 mil pessoas. Entre os líderes confirmados estão o príncipe William, herdeiro do trono britânico; o presidente francês Emmanuel Macron; e os reis Carl 16 Gustaf e Silvia, da Suécia.

A COP 30 também traz inovações no formato. Segundo o professor, a cúpula de líderes foi antecipada para o início do evento, incentivando que os chefes de Estado permaneçam mais tempo no país-sede e se envolvam diretamente nas negociações. “Desta forma, busca-se manter os líderes por mais tempo no local, e envolver-se com as negociações e decisões”, destaca.

Entre os temas principais que foram discutidos durante o evento, esteve a implementação do “Fundo Florestas Tropicais para Sempre”, proposto pelo Brasil para financiar a preservação e o reflorestamento de áreas críticas, como a Amazônia. O plano é que o fundo sirva como um instrumento permanente de apoio aos países que detêm grandes biomas tropicais, transformando a floresta em ativo econômico e geopolítico.

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