04/08/24
Confirmação, a primeira no mundo, considerou resultados positivos em exames RT-PCR e imunohistoquímico, além descartar outras hipóteses
Continuam em investigação oito casos de transmissão vertical de oropouche. São quatro casos em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre – PIXABAY/BANCO DE IMAGENS
O Ministério da Saúde confirma o primeiro caso de óbito fetal no mundo causado por transmissão vertical de oropouche registrado no Estado de Pernambuco. O caso foi anunciado pelo JC no dia 10 de julho.
Transmissão vertical é uma infecção que ocorre a partir da mãe para o seu feto no útero.
A mulher tem 28 anos e estava na 30ª semana de gestação (sete meses de gravidez). É moradora do município de Rio Formoso, localizado na Zona da Mata Sul de Pernambuco, e apresentou sintomas sugestivos da febre oropouche, além de ter tido contato próximo com casos da doença laboratorialmente confirmados. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que o quadro físico de saúde da mãe evoluiu bem.
A confirmação da causa do óbito ser oropouche considerou, entre outras informações, resultados que descartaram outras hipóteses de diagnóstico e resultados positivos em exames RT-PCR e imunohistoquímico.
De acordo com o Ministério da Saúde, será enviada aos Estados e municípios uma nota técnica com orientações para a metodologia de análise laboratorial, vigilância e a assistência em saúde sobre condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas compatíveis com oropouche. Esse documento também apresentará informações sobre medidas de proteção individual para prevenir a doença.
Continuam em investigação oito casos de transmissão vertical de oropouche no Brasil. São quatro casos em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre.
Quatro casos evoluíram para óbito fetal e quatro casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.
As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre oropouche e casos de malformação ou abortamento.
A partir deste ano, a detecção de casos de oropouche aumentou no País, em decorrência da estratégia do Ministério da Saúde de enviar testes diagnósticos para todos os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Dessa forma, passou-se a testar para oropouche os casos negativos para dengue, zika e chikungunya. Anteriormente, esse tipo de exame era feito apenas nos Estados da região Amazônica.
O Ministério da Saúde diz monitorar a situação do oropouche no Brasil em tempo real, por meio da Sala Nacional de Arboviroses. Será publicado, nos próximos dias, o Plano Nacional de Enfrentamento às Arboviroses, incluindo dengue, zika, chikungunya e oropouche.
Recomendações
Na nota técnica do Ministério da Saúde, haverá recomendação de medidas de proteção para evitar ou reduzir a exposição às picadas dos insetos, seja por meio de recursos de proteção individual com uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas, sobretudo nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde.
Também haverá o reforço de medidas de proteção coletiva, como limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de malha fina em portas e janelas.
Em caso de sinais e sintomas compatíveis com arboviroses, como febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular, dor articular, tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos, deve-se procurar atendimento em uma unidade de saúde. Gestantes devem informe, se sentirem manifestações sugestivas de arboviroses, ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento pré-natal.
Casos de oropouche no Brasil
Oropouche é uma doença transmitida pelo inseto Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Devido à sua predileção por materiais orgânicos, é recomendado que a população mantenha quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas e lixo orgânico doméstico, além do uso de roupas compridas e sapatos fechados em locais com muitos insetos.
Foram registrados 7.286 casos de febre oropouche em 21 Estados brasileiros, segundo dados até o dia 28 de julho de 2024. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e em Rondônia.
O Estado de Pernambuco tem atualmente 89 casos confirmados da febre oropouche. Até o momento, o vírus isolado foi identificado em pacientes dos municípios de: Jaqueira, Pombos, Água Preta, Moreno, Maraial, Cabo de Santo Agostinho, Rio Formoso, Timbaúba, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Catende, Camaragibe, Ipojuca e Aliança.
Já foram confirmados os primeiros dois óbitos pela doença no País – os primeiros também no mundo. Os casos são de mulheres do interior do Estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.
Até o momento, um óbito em Santa Catarina está em investigação.