Serrita: Judicializada, cara e descaracterizada, a Missa do Vaqueiro é “coisa pra inglês ver”

22/07/23

Por Machado Freire

blogfolhadosertao.com.br

 

1- Padre João Câncio,  o Rei do Baião Luiz Gonzaga e o poeta e repentista Pedro Bandeira criaram a Missa do Vaqueiro,  em Serrita, há 53 anos,   para homenagear o homem do campo, na pessoa do vaqueiro sertanejo e em memória  de Raimundo Jacó, assassinado em 1954 nas terras pertencentes ao fazendeiro São do Alferes.

2-Na concepção do sacerdote filho do barbeiro Mestre Chico, de Petrolina,  a missa servia como “um grito de justiça  no Sertão”, diante das más ações dos poderosos  da região.  

3-Mas, a cada ano os políticos (leia-se prefeitos de Serrita, como o atual, Aleudo Benedito)  passaram a explorar a missa pensando no voto, na  promoção pessoal  e no esbanjamento dos recursos públicos, pagando cachês de até R$800 mil a artistas que não sabem o que é um aboio, xote e baião, como é o caso  de Gustavo Lima, que chama o prefeito de amigo.

4- A descaracterização e a desvalorização da cultura  – denunciada  aos  quatro cantos do País,  sempre contrariaram  a Igreja, que mais de uma vez ameaçou afastar-se  da programação imposta pelo gestor da Prefeitura de Serrita.

5-O acesso ao Parque Nacional do Vaqueiro, no Sítio Lajes  torna-se muito caro. Cobra-se mais de R$100,00 para um lugar no  chamado espaço “Vip” e camarotes.   O aluguel de uma barraca, que até pouco tempo era R$700,00, segundo se comenta, chegou a R$5 mil. 

 

 

Novo bispo de Salgueiro,  Dom José Vicente (paramentado) e Frei Paulo Cardoso, então bispo da Diocese de Petrolina,   enfrentam os mesmos problemas na Missa do Vaqueiro:  a discórdia  causada pela “gula” político-administrativa, sempre contestada e denunciada pelo padre João Câncio.

 

 

Amanhã ( 23 ) , quando subir ao “altar de pedra”  do Parque Estadual  do Vaqueiro, no Sítio das Lajes-para oficiar a “palavra de Deus” pela primeira vez na Missa do Vaqueiro,  o bispo diocesano de Salgueiro,  dom José Vicente (sertanejo do Estado da Paraíba)  que assumiu a Diocese  no inicio de julho,  vai se deparar  com um cenário   que não condiz com aquele que o padre João Câncio, Luiz Gonzaga e Pedro Bandeira  se “vislumbraram”  para realizar  por muitos anos a  cinquentenária Missa do Vaqueiro de Serrita:    no lugar da caatinga bruta e do jirau de varas de marmeleiro, que serviu de altar  (e barracas toscas para a comercialização de comidas e bebidas), existe um ambiente  que denuncia  a descaracterização  que distoa  de tudo o que pregavam, defendiam e praticavam os criadores do segundo maior espetáculo socio-cultural e religioso de Pernambuco, depois da Paixão de Cisto de fazenda Nova, no Agreste.

Na 53a Missa, a prefeitura de Serrita  entendeu que deveria  realizar  “A maior Missa do Vaqueiro do Mundo”,  cuja ostentação bancada com recursos públicos  pode passar dos  R$4 milhões, sob a desculpa de que haverá uma grande circulação de dinheiro no município e na região.  O projeto, segundo adversários do prefeito e observadores de fora, é meramente eleitoreiro,  tendo em vista o pleito  municipal do próximo ano.

CELEBRAÇÃO- Praticamente em todas as homilias  que marcavam  as celebrações  oficiadas  – do padre João Câncio a Frei Paulo Cardoso,  tinham como objetivo a conscientização social, cultural e cristã ( fundada na Teologia da Libertação de Dom Hélder Câmara), permitindo que  a festa profana,  organizada com o apoio da Prefeitura de Serrita,    levasse em  conta a manutenção da cultura regional  tão defendida pelo Rei do Baião, também para evitar a descaracteriização do meio ambiente e dos hábitos e costumes regionais, primando, principalmente, pela contratação de artistas regionais.

o Rei Gonzagão,  padre João Câncio   e a Igreja Católica enfrentaram muitas dificuldades  diante da ignorância e prepotência dos políticos que  fizeram de tudo para  mandar e desmandar  na Missa do Vaqueiro.  Por mais de uma vez frei Paulo Cardoso ameaçou suspender a celebração.

Na gestão do atual prefeito, Aleudo Benedito,  o processo se repete de forma muito mais agressiva e   os desentendimentos entre a gestão municipal   e a Fundação Padre João Câncio   não acontecem apenas  no “bate boca” e troca de acusações  nas emissoras de rádio e na mídia regional:  a Missa do Vaqueiro está judicializada, com ações que tramitam no Judiciário e na Ministério Público local, devendo ocorrer desdobramentos  no campo político-administrativos, inclusive com a participação do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Para ter acesso ao Parque  do Vaqueiro -que recebe o nome do marido,  Helena Câncio  teve que recorrer  à Justiça, que permitiu sua entrada e de mais quatro parentes, tendo em vista, inclusive,  que a fundação que ela dirige deve ajudar a coordenação na parte artística no ato religioso.

 

 

 

Prefeito  Aleudo Benedito descumpre determinação

do juiz  de Serrita de  não utilizar microfone  no palco

 

 

Um comentário sobre “Serrita: Judicializada, cara e descaracterizada, a Missa do Vaqueiro é “coisa pra inglês ver””

  1. Patríicio26 de agosto de 2024 às 10:01Responder

    A descaracterzação dos eventos tradicionais, vem sendo uma constante.
    O São João de Caruaru, tornou-se uma miniatura do “Rock in Rio”
    Tendo começado no início das (Geydrilhas)

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