04/10/22
Por AFP
blogfolhadosertao.com.br
Campanha para o segundo turno das eleições começou nesta segunda-feira (3)
—
A campanha para o segundo turno das eleições presidenciais começou nesta segunda-feira (3), com mensagens de confiança de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que agora saem em busca de novos eleitores para assegurar a vitória em 30 de outubro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 76 anos, superou no primeiro turno, com 48,43% dos votos, o presidente Bolsonaro, com 43,20%, mas ficou longe de uma vitória folgada, como previam as pesquisas, que o davam como vitorioso inclusive no domingo, sem a necessidade de adiar a decisão para o fim do mês.
A vantagem, de cinco pontos percentuais, deixou a definição em aberto e antecipa semanas de campanha intensa e agressiva em um país profundamente dividido, coincidiram analistas consultados pela AFP.
“Precisamos conversar com todas as pessoas que não votaram conosco no primeiro turno”, disse Lula a jornalistas depois de uma reunião com sua equipe política em São Paulo.
“O Lulinha paz e amor está pronto para conversar com todo mundo”, prosseguiu o ex-presidente, que aposta, ainda, na formação de um “bloco de democratas” que vença Bolsonaro no segundo turno.
Bolsonaro, por sua vez, escreveu que seu projeto tem “o necessário para libertar o Brasil do autoritarismo, da chantagem e da injustiça que tanto nos indigna”.
“A mudança mais profunda do país já começou! Não é o povo que deve temer”, escreveu em sua conta no Twitter.
Os apoios de Simone Tebet (MDB), terceira colocada no pleito, com 4% dos votos, e de Ciro Gomes (PDT), com 3%, terão um papel relevante no segundo turno. Tebet prometeu que vai anunciar seu posicionamento no “momento oportuno”, enquanto Ciro, duro crítico de Lula e Bolsonaro, pediu tempo para se manifestar.
Bolsa em alta
Como já ocorreu em outros eventos-chave recentes, como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o Brexit na Grã-Bretanha e o plebiscito sobre o acordo de paz na Colômbia, todos em 2016, os principais institutos de pesquisa erraram em suas previsões.
A bolsa de São Paulo fechou nesta segunda-feira em alta de 5,54%, em sinal do apoio da comunidade econômica não só a Bolsonaro, mas à nova configuração conservadora do Congresso.
“Independentemente de quem vencer o segundo turno, terá que governar com um Congresso mais orientado à direita, mais liberal e pró-mercado, com um grande peso”, disse o economista Igor Macedo de Lucena.
“Disputa acirrada”
Leandro Consentino, cientista político do instituto Insper, prevê um “final aberto” e “uma situação equilibrada” para os dois candidatos, com Bolsonaro mostrando força em estados-chave como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, no sudeste, e que reúnem 40% do colégio eleitoral do país.
Bolsonaro tem governado em meio a crises, principalmente com uma gestão questionável da pandemia e um constante desafio às instituições democráticas. Aliás, disse esperar um posicionamento das Forças Armadas sobre a transparência das eleições, depois de questionar a confiabilidade da urna eletrônica.
Ele mantém sólido apoio entre o eleitorado evangélico, do agronegócio e setores conservadores.
Nesta segunda, prometeu um bônus de Natal às mulheres beneficiárias do Auxílio Brasil, que paga R$ 600 aos mais vulneráveis, um segmento que ele tenta conquistar frente ao segundo turno.
“O segundo turno promete ser uma disputa acirrada. O presidente vai investir para diminuir sua rejeição entre jovens e mulheres e, ao mesmo tempo, aumentar a do PT, demonizando-o”, disse Paulo Calmon, cientista político da Universidade de Brasília (UnB). “Será uma campanha agressiva e de baixo nível”, acrescentou.