Governo Bolsonaro autoriza igreja evangélica para serviço de engenharia, mas recua

28/06/22

<Por Thiago Resende e Ranier Bragon

blogfolhadosertao.com.br

 

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em uma atitude inédita, o Incra (órgão federal responsável pelas políticas de reforma agrária) credenciou uma igreja evangélica a prestar serviços de engenharia. Após questionamento da Folha de S.Paulo, porém, recuou e acabou cancelando a autorização.

***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 02.10.2019 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante cerimônia de posse do novo procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, na sede da PGR, em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

© Fornecido por Folha de S.Paulo***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 02.10.2019 – O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante cerimônia de posse do novo procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, na sede da PGR, em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

A igreja foi habilitada na semana passada pela superintendência da Bahia. Foi a primeira vez em que uma autorização desse tipo foi dada no país.

A igreja beneficiada foi a Assembleia de Deus Rais de Jessé, com endereço em Simões Filho, região metropolitana de Salvador (BA). O representante da entidade é Nelson Carmo da Silva, que também é dono de uma empresa do ramo de construção na mesma cidade.

Procurado, Carmo da Silva não respondeu às tentativas de contato da reportagem. O Incra disse que as previsões legais foram cumpridas, mas não esclareceu o motivo de ter anulado a decisão.

O credenciamento foi assinado por Paulo Emmanuel Macedo de Almeida Alves, que é superintendente regional do Incra na Bahia desde setembro de 2020. Ele é servidor do órgão e atua na superintendência do estado desde 2017.

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) pediu que o órgão de controle apure se houve favorecimento à igreja evangélica, reforçando que esse segmento representa uma das principais bases de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição.

“Para que um interessado possa ser credenciado pela administração, ele deve satisfazer às condições fixadas e estar habilitado à execução dos serviços pretendidos”, argumentou o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado.

Em seu texto, ele escreveu que “é triste constatar, mais uma vez, o flagrante favorecimento à base evangélica do governo Bolsonaro, em prejuízo aos aspectos técnicos que devem conduzir as decisões da administração [pública]”.

A última pesquisa do Datafolha mostrou que, diferentemente do cenário geral, Bolsonaro lidera a corrida eleitoral entre os evangélicos.

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