Declaração de fé : Simone Tebet diz que Bolsonaro não tem força para golpe e que não concorreria se houvesse unidade no MDB

12/06/22

Por Danielle Brant e Renato Machado

blogfolhadosertao.com.br

 

Simone Tebet é  advogada, professora, escritora e senadora da República

 

*Arquivo* BRASÍLIA, DF, 25.05.2022 - Pré-candidata do MDB e da terceira via à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MS). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
*Arquivo* BRASÍLIA, DF, 25.05.2022 – Pré-candidata do MDB e da terceira via à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MS). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Pré-candidata do MDB e da terceira via à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MS) afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem a força necessária para dar um golpe caso perca as eleições e diz que as divergências dentro do próprio partido em torno de seu nome são normais.

Em entrevista à Folha de S.Paulo neste sábado (11), dois dias depois de ter obtido aval da cúpula do PSDB para aliança, ela reconheceu ainda que não seria o nome do MDB para a disputa presidencial se os principais caciques do partido estivessem unidos para fazer a escolha.

“Estamos vivendo um momento em que a democracia está sob ataque, diante de uma análise muito clara, mas o Brasil soube se armar contra esses ataques nos últimos três anos”, declara Tebet.

“O presidente não tem mais a força… Porque você não tem golpe, não tem ataque à democracia sem povo na rua. Você não vai ter povo na rua brigando por outro resultado que não o resultado do dia das eleições. Não há ataque à democracia sem povo, quando as instituições estão fortes. Então, eu não me preocupo.”

Bolsonaro promove diversos ataques ao sistema eleitoral brasileiro e insinuações golpistas sobre o pleito deste ano. O mandatário alega que aceitará o resultado se eleições forem limpas, ao mesmo tempo em que semeia dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

Tebet foi escolhida a candidata da terceira via numa aliança que também envolve o PSDB e o Cidadania. Embora tenha sido indicada candidata pela cúpula do MDB, ela ainda enfrenta resistências em diferentes estados, onde os dirigentes se dividem entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“É uma construção [a minha candidatura]. Se fosse uma candidatura uníssona [no MDB], unânime, absoluta, não seria eu a candidata. Eu não tenho dúvida disso”, diz.

Pelos termos da aliança em construção, o vice na chapa de Simone deve ser indicado pelo PSDB.

A senadora evita entrar no mérito de suas preferências para o posto. Apenas adianta que seria uma “honra” ter como companheiro de chapa o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que vem sendo apontado como favorito pela cúpula dos dois partidos.

Afirma ainda que tem poder de veto ao nome do seu vice, mas que se sente “muito confortável” em deixar a escolha para os presidentes dos partidos.

A senadora por Mato Grosso do Sul também rebate as críticas de que evita tomar posição em relação a temas polêmicos. Adversários de sua candidatura apontam que ela fica em cima do muro e procura não se comprometer em temas espinhosos.

A parlamentar responde que essa visão vem sendo divulgada justamente como uma forma de desacreditá-la, em um momento de confirmação de seu nome na corrida eleitoral.

“O Brasil é muito mais complexo do que um sim ou não. Se alguém espera um sim ou não da minha parte, vai cair do cavalo”, diz. “Eu sou contra o aborto, salvo nos casos previstos na Constituição. Agora, como democrata que sou, vou dizer que não aceito que o Congresso Nacional discuta essa questão? Como assim?”, questiona.

“Eu sou a favor de privatização, mas sou contra a privatização da Petrobras. Por isso sou em cima do muro?”, afirmou a senadora. “Então não tem sentido. Eu não tenho respostas prontas para um Brasil tão complexo. Ninguém tem. E quem acha que é oito ou 80 está levando o Brasil para a mesma radicalização que condena.”

A senadora afirma que não vai ser atraída para “um lado ou outro radical” e que sempre buscou “alternativas equilibradas de centro”.

Simone Tebet patina nas intenções de voto, somando apenas 2% na última pesquisa Datafolha. Sua pré-candidatura havia sido lançada pelo MDB no dia 8 de dezembro, embora ela só tenha sido confirmada o nome da terceira via recentemente.

A pré-candidata, no entanto, afirma que parte da dificuldade em subir nas sondagens ocorreu porque “ninguém acreditava” em sua candidatura.

“Hoje não, hoje eu sou a pré-candidata. Começamos nesta semana ou na semana passada. E a partir de agora é só crescer […] Temos pelo menos 40% de pessoas que dizem que não votam nem em um nem outro, que estão prontos a mudar o voto”, completa.

Sobre a Petrobras, a senadora disse que nada impede que a empresa tenha lucros, mas que não pode haver “só um lado da moeda”.

“O fato de ela estar mal gerida e mal administrada não pode servir de desculpa para a privatização. Isso é desculpa de quem quer privatizar”, afirmou. “Ela não deu certo no passado e não dá certo no presente porque sempre foi usada como instrumento ideológico ou de política erráticas para comprar o Congresso Nacional ou para ganhar eleição.”

A pré-candidata busca sempre ressaltar a importância de ser mulher na corrida presidencial, mas pesquisas ainda mostram que suas intenções de voto são predominantemente de homens. Simone Tebet afirma que isso se dá porque as mulheres ainda não decidiram o seu voto.

“As pesquisas têm mostrado que a mulher também é a mais indecisa e a que mais rejeita Lula e Bolsonaro. Ela ainda não se decidiu. E isso para mim é muito importante, é um grande ativo. Como ela é a que mais rejeita Lula e Bolsonaro e como ela ainda não se decidiu, vai ser decisiva para essa eleição”, afirma.

Ao mesmo tempo em que se mostra como uma candidata para as mulheres, Tebet virou motivo de memes na internet por conta de fotos que a mostram rodeada dos dirigentes políticos que articularam a sua candidatura, sendo que todos são homens.

“Sim, é óbvio que me incomoda até porque eu luto contra isso a vida inteira”, afirma sobre a situação, embora evite criticar aqueles que articulam a sua candidatura.

“E não foi nessa reunião. Não é culpa do MDB ou do PSDB, isso é a formação partidária no Brasil”, conclui.

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