10/09/22
Imprensa PE
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Procedimento tem capacidade de identificar DNA do Papilomavírus Humano (HPV), qualificando o diagnóstico da doença
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— Para marcar mais uma etapa do Programa “Útero é Vida”, uma parceria entre a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e o Governo de Pernambuco, que tem como meta reduzir a incidência de mortes no Estado por câncer de colo do útero (CCU), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) promovem, nesta segunda-feira (12/09), às 9h30, o lançamento dos testes de validação do Kit Nacional de Biologia Molecular. O exame, de baixo custo, tem a capacidade de identificar o DNA do Papilomavírus Humano (HPV), um dos maiores causadores da doença, facilitando, assim, o diagnóstico deste tipo de neoplasia. O local escolhido para dar início a mais esta fase da iniciativa foi a Upinha Fernanda Wanderley, na Linha do Tiro, Zona Norte do Recife. Participarão da solenidade o prefeito do Recife, João Campos, o secretário estadual de Saúde, André Longo, a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque, e a representante da OPAs no Brasil, Socorro Gross. Também estarão presentes os médicos Mozart Sales, coordenador do TC/OPAS, e Letícia Katz, consultora do TC/OPAS e coordenadora do Programa Útero é Vida. Nesta segunda-feira, são esperadas 30 pacientes para serem atendidas na Upinha Fernanda Wanderley, que participam da primeira rodada de exames. O resultado desta etapa, após realização de 1.500 testes com mulheres do Recife, nos próximos dias, em oito pontos descentralizados, será encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a qual espera se obter a habilitação do uso do Kit Nacional para uso na rede de saúde estadual. A coleta via Kit Nacional vai ser analisada pelas máquinas de PCR Teste, as mesmas utilizadas no combate à Covid-19, pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), com capacidade de quatro mil diagnósticos por rodada.
A partir daí, abre-se a oportunidade de uma verdadeira revolução na saúde da mulher, pernambucana e brasileira, dando maior agilidade aos exames para a detecção do HPV, formatando, paralelamente, um rastreio organizado, no qual as mulheres serão convocadas a participar do processo. Até porque este novo teste do HPV, além de ser coletado pelo profissional de saúde, permitirá a autocoleta para quem mora em regiões de difícil acesso, aumentando a cobertura e permitindo o autocuidado. Por ora, essa averiguação é feita, principalmente, por meio da investigação citológica, chamada de Papanicolau. “Com essa nova perspectiva para moldes nacionais, é possível alinhar as atenções primária, secundária e terciária para receber essa mulher, que vai ter acesso a um novo método de rastreio. É preciso, nesse caso, aumentar a cobertura dessas mulheres. E quando elas forem submetidas ao rastreio e detectado o vírus, que possam ter um acompanhamento adequado. No caso do teste molecular, se for negativo, a paciente só precisará repeti-lo a cada cinco anos. Ganha-se em tempo, diminuindo o número de atendimentos desnecessários, focando naquela mulher que realmente precisa ser assistida”, afirma Letícia Katz, médica especialista do TC/OPAS, coordenadora do Programa Útero é Vida. Testes semelhantes ao Kit Nacional, de marcas diversas, são usados no mundo todo, especialmente nos países mais ricos. No Brasil, uma pequena parcela das mulheres tem acesso a algumas delas, na rede privada, por um valor impraticável para o SUS. Assim, o Kit Nacional desenvolvido por parceiros do “Programa Útero é Vida” foi criado para, ao fim dos testes e com a aprovação da Anvisa, ter um custo compatível ao SUS, podendo, mais adiante, ser direcionado à saúde pública de todo o Brasil.
No Brasil, a maioria das coletas preventivas é feita pelas mulheres através do exame citopatológico, conhecido popularmente de Papanicolau. Trata-se de um método que salvou muitas vidas nas últimas décadas. Mas a análise que identifica o HPV por meio do DNA tem resultados mais rápidos – os do Papanicolau saem, em média, em 30 dias, e os por PCR Teste, em 15. Além disso, o Kit Nacional propicia maior acurácia, oferta o resultado positivo ou negativo para HPV, além de ser mais sensível e eficaz no diagnóstico. Antes da pandemia do novo coronavírus, Pernambuco tinha a necessidade de realizar 2,8 milhões de exames de Papanicolau, por ano, dos quais 2,23 milhões eram feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos dois anos, a cobertura caiu para 0,21% desse quantitativo, ou seja, ¼ do rastreio do câncer de colo de útero do que se preconiza necessário para evitar um cenário mais alarmante. O Kit Nacional se firma como aliado essencial na luta contra o CCU. “Vale lembrar: o CCU se desenvolve num extrato social de grande vulnerabilidade. Cerca de 58% das mulheres ganham menos de um salário-mínimo de renda. Mulheres que cuidam da casa, responsáveis pelo cuidado de suas famílias. Quase sempre negras. Da Zona Rural, onde são contabilizados 20% dos casos graves. Ou também em condições de favelamento na Região Metropolitana do Recife. Distante do Sistema de Saúde e de nível educacional baixo. Essas mulheres estão excluídas e esse exame tem o objetivo primordial de incluí-las e salvá-las de uma morte evitável, só com o diagnóstico precoce e o acompanhamento organizado”, explica o coordenador do TC/OPAS, o médico Mozart Sales. “Trata-se de uma experiência inovadora e disruptiva, com atenção local, mas pensando em outros estados da federação. Para se colocar diante das experiências e enriquecer as redes de saúde. Com resultados práticos, fortalecendo a linha da intervenção à saúde”, conclui Mozart. Outros parceiros foram vitais para a composição do Kit Nacional: o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA – Universidade Federal de Pernambuco) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná. Prestam consultorias importantes ao Útero é Vida, ainda, especialistas da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS), da Agência Internacional de Câncer (IARC), do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-FMUSP), do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ – Ceará), do Instituto Aggeu Magalhães (FIOCRUZ – Pernambuco), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), do Hospital de Amor de Barretos e da Prefeitura do Recife. PROGRAMA ÚTERO É VIDA – Em dezembro de 2021, o governador Paulo Câmara lançou o “Útero é Vida” como um dos planos prioritários na área da saúde da sua gestão. No Brasil, para todo o ano de 2022, são esperados 16.710 novos casos de câncer de colo do útero. Já em Pernambuco, a estimativa é de 730 casos novos/ano e 130 casos novos/ano no Recife. O objetivo do Programa é trazer uma nova perspectiva para as mulheres no Estado, efetivando um rastreio eficiente da doença para reduzir esses graves indicadores, que dizem respeito, especialmente, à parte mais carente da população feminina. No estado, uma mulher morre de CCU todos os dias. A meta é reduzir o número de mortes por câncer de colo do útero no Estado para quatro a cada 100 mil mulheres até 2030. O câncer de colo de útero é uma doença evitável e curável se descoberta no estágio inicial. As oficinas que amplificam os trabalhos do “Útero é Vida” em todas as áreas – da promoção à saúde à vacinação para o HPV, até o tratamento das lesões intraepiteliais através da Exerese da Zona de Transformação (EZT), utilizando a cirurgia de alta frequência – reforçam uma uniformidade de trabalho. Para mudar o quadro, é necessário o esforço de várias áreas da saúde e, ao mesmo tempo, o entrosamento das equipes – da coleta para exame de detecção do HPV ao diagnóstico e rastreamento dessa mulher em todos os estágios. A expectativa é de otimismo. “Temos um olhar muito forte sobre o câncer de colo de útero. Várias ações estratégicas em curso. Isso mostra que podemos ter avanços em várias áreas. A SES tem feito uso dos consultores nacionais e internacionais que a OPAS disponibiliza. Parceria que indica caminhos e análises de realidade. Experiências transformadoras e disruptivas. Com isso, nos colocar diante dessas experiências para utilizá-las na rede de saúde, em Pernambuco, tem trazido e trará resultados satisfatórios”, enfatiza o coordenador do TC/OPAS, o médico Mozart Sales.