Militares se distanciam de Bolsonaro, mas mantêm forte resistência ao petismo

07/02/22

 

Por: Correio Braziliense

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Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) (Foto: Evaristo Sa/AFP)
Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) (Foto: Evaristo Sa/AFP)
O presidente Jair Bolsonaro está em desvantagem nas pesquisas para conquistar a reeleição, mas é grande a cobiça de interessados em formar uma chapa com o candidato do Planalto na eleição de outubro. Nos bastidores, há uma guerra surda entre dois generais do primeiro escalão do governo. Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ministro da Defesa, têm concorrido, mesmo sem uma promessa concreta por parte do chefe do Executivo, pelo cargo ao lado do capitão nas eleições.
A disputa pela vaga preocupa aliados. Comandantes das Forças Armadas e parlamentares do Centrão rejeitam qualquer possibilidade de vitória nas urnas se a escolha de composição for entre os militares. É unanimidade no segmento que a preocupação do atual presidente deve ser construir alianças e angariar votos. O vice, portanto, precisa ser alguém que venha do ofício da política.
Fiel escudeiro do Planalto na CPI da Covid, o senador Marcos Rogério (PL-RO) não arrisca um nome. “Tenho certeza de que o perfil ideal é alguém que agregue votos, considerando a questão das regiões e de gênero. Mas a decisão caberá pessoalmente ao presidente. É uma questão particular, não um modelo de coalizão”, ressaltou.
A avaliação de militares de alta patente é de que a queda de braço entre Augusto Heleno e Braga Netto é estéril, pois não há possibilidade de colocar novamente um fardado na vice-presidência. De acordo com o brigadeiro Átila Maia, candidato ao Senado em 2018, o clima político mudou. “Na outra eleição, a onda militar e a onda Bolsonaro ditavam. Agora não existe mais esse anseio forte. Bolsonaro conseguiu criar no inconsciente coletivo essa rejeição [com os militares]”, pontua.
Maia acredita que o cargo não está mais tão disputado. “Antes, todo mundo queria, mas hoje eu não sei se tem alguém que queira ser candidato a vice do Bolsonaro. Praticamente todo mundo já tem consciência de que essa eleição não será bem sucedida”, deduz.
Críticos do governo Bolsonaro veem a questão com acidez. “É como um time que já foi grande e agora briga por ser vice em campeonato de várzea”, avalia o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, que deixou o Partido Liberal (PL) após a filiação de Bolsonaro à legenda e agora está no PSD.
 
Decisão pessoal 
Embora ministros, militares e amigos da família Bolsonaro sejam citados para ocupar a vaga da vice-presidente, é consenso entre aliados que a decisão dependerá exclusivamente do próprio presidente. O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) considera ainda cedo para a definição. “É uma escolha somente dele. Mas acho que ele vai aproveitar a oportunidade para trazer um partido que agregue força a ele, principalmente, criando palanques nos estados e somando tempo de televisão”, ressaltou. “Muitos nomes são falados, mas é possível que nenhum deles seja escolhido”, acrescenta.
Outros interlocutores do Planalto garantem que, por enquanto, tudo se trata de especulação, ainda não há um nome concreto para a campanha. Até o atual vice, Hamilton Mourão, ainda é uma hipótese. Segundo um assessor palaciano ouvido pelo Correio, Bolsonaro ainda irá chamar Mourão para conversar sobre o assunto.

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