Ambulante baleado por delegado em Noronha nega assédio e diz que luta para sobreviver

08/05/25
Por Vitória Floro
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Emanuel Apory, de 26 anos, afirma que não abordou a acompanhante do delegado Luiz Alberto Braga e relata surpresa com a agressão que o deixou com fratura exposta na perna.

O ambulante Emanuel Pedro Apory, de 26 anos, baleado pelo delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz após uma briga durante uma festa em Fernando de Noronha, que ocorreu na madrugada da última segunda-feira (5), falou pela primeira vez sobre o caso.

Em vídeo enviado à TV Globo, Emanuel negou ter assediado a acompanhante do delegado, contou sobre a sua recuperação e descreveu o momento em que foi abordado.

“Estou lutando pela vida”, declarou, enquanto mostrava o ferimento na perna direita, atingida por dois disparos.

O caso aconteceu durante um evento de samba no Forte dos Remédios. Segundo testemunhas, a confusão começou após um episódio de ciúmes envolvendo o delegado, que é substituto em Fernando de Noronha.

Emanuel, que trabalha com locação de barracas de praia na ilha, foi socorrido ao Hospital São Lucas e, posteriormente, transferido em um avião de salvamento para o Hospital da Restauração, no Recife, onde passou por uma cirurgia devido a uma fratura exposta. Ainda não há previsão de alta.

No vídeo, Emanuel afirmou que em nenhum momento falou com a mulher que acompanhava o delegado.

“Eu vi na mídia como se eu fosse um tipo de abusador. Em momento nenhum eu falei algo com ela, nem com ele. Eu vi, desde o começo, que ela estava acompanhada”, afirmou.

Ele contou ainda que estava indo embora da festa quando foi surpreendido.

“Eu já estava indo para casa. Fiquei surpreso quando ele me abordou e me virou em direção da árvore”.

Durante o confronto, o ambulante questionou o delegado sobre o motivo da abordagem.

“Eu perguntei: o que eu fiz? O delegado respondeu: você está me tirando desde cedo. Eu respondi: não fiz nada”.

Do outro lado, a defesa do delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz, representada pelo advogado Rodrigo Almendra, divulgou uma nota da Associação dos Delegados do Estado de Pernambuco (Adepe).

Segundo o texto, o policial teria agido em “legítima defesa diante de agressões injustas”.

A entidade afirma que o delegado se identificou como policial, guardou a arma no coldre e reagiu apenas depois de supostas agressões físicas por parte de Emanuel, que teria tentado desarmá-lo.

O pronunciamento da Adepe também alegou que o delegado não havia consumido bebida alcoólica e se apresentou espontaneamente à Polícia Federal, passando por exames no Instituto Médico Legal.

A Secretaria de Defesa Social confirmou que o delegado foi ouvido e teve sua arma recolhida.

Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil de Pernambuco, sob responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Nesta quarta-feira (7), Luiz Alberto Braga de Queiroz foi afastado do cargo por 120 dias enquanto as investigações continuam.

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