Ações emergenciais e estruturadoras de combate à fome são discutidas na Alepe

06/04/23

AscomAlepe

blogfolhadosertao.com.br

Reunir estratégias para garantir ao menos três refeições por dia para dois milhões de pernambucanos que passam fome. Com esse objetivo, um seminário abriu as atividades da Comissão Especial de Combate à Fome da Assembleia Legislativa, nesta quarta. O percentual de famílias chefiadas por pessoas pretas em situação de insegurança alimentar grave, com privação de comida, aumentou de 10 para 18%  em apenas dois anos, de 2020 a 2022.

O dado foi trazido por Paulette Cavalcanti, da Fundação Osvaldo Cruz. De acordo com um estudo da Rede Penssan, nos lares comandados por mulheres, a insegurança grave passa dos 19%, situação ainda pior nas casas com crianças. Entre os agricultores, o percentual de insegurança grave também é alto, pela falta de variedade e regularidade de acesso aos alimentos. A pesquisadora relatou o trabalho realizado pela Fiocruz dentro das comunidades durante a pandemia.

Os agentes populares de saúde formados pela instituição atuaram no combate à fome, com experiências positivas de otimização dos recursos disponíveis Eles atuaram muito no combate à fome, na organização dos bancos populares de alimentos nas próprias comunidades, no cadastramento das famílias. Então a gente defende que exista realmente um movimento comunitário, que esse movimento comunitário tem capilaridade para estar administrando e chegando mais próximo dessas pessoas e vendo as reais necessidades”.

A fome não se combate apenas com ações emergenciais, mas com a construção de políticas estruturadoras. A avaliação é do presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Pernambuco, Consea PE, Reginaldo Xavier. Ele pediu a construção de uma rede de segurança alimentar com a participação das instituições envolvidas. Na mesma linha, Cícera Nunes, presidente da Fetape, pontuou que o acesso à terra precisa vir acompanhado de investimentos e de assistência técnica para garantir a produção.

Na percepção do coordenador da Campanha Mãos Solidárias, Paulo Mansan, a desigualdade social e a quantidade de pessoas convivendo em condições precárias têm aumentado, apesar da retomada de algumas ações governamentais de combate à fome. Ele  sugeriu a ampliação da rede de cozinhas populares, com participação e financiamento do Estado.

O Mãos Solidárias já trabalha com 13 cozinhas. A do centro aqui nós já entregamos mais de um milhão de marmitas para a população em situação de rua. Então eu acho que a primeira coisa que a Assembleia tem que fazer é ver como cria essa sinergia da sociedade civil com as iniciativas de governo. E precisamos de recursos, né? Para os insumos, para tocar e para gerir essas cozinhas”.

Representantes do Instituto Federal de Pernambuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco relataram iniciativas formativas, também para garantir alimentação de qualidade para os alunos.

As contribuições devem embasar propostas legislativas da Comissão de Combate à Fome da Alepe, de acordo com a Presidente, deputada Rosa Amorim, do PT. A ideia é que a gente apresente tanto projetos de lei para a Casa, como também a gente apresente para o Governo do Estado um projeto que vise, em diversas áreas, combater a fome em Pernambuco”.

O seminário contou, ainda, com a participação de representantes da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, e do Instituto Agronômico de Pernambuco, IPA.

Deixe um comentário