14/02/22
Por Agência O Globo
blogfolhadosertao.com.br
Na última leva de emendas, R$ 68 milhões foram alocados via Codevasf, comandada no estado do Amapá por um indicado pelo senador Davi Alcolumbre
Uma faixa estendida na tenda onde ocorria a cerimônia trazia, em letras garrafais, o nome do parlamentar ao lado do slogan da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf): “É emenda do Alcolumbre”. A cena foi postada pelo senador numa rede social. Em busca de um novo mandato, ele intensificou a agenda no estado e tem usado um instrumento poderoso para estreitar ainda mais a relação com os políticos locais: o orçamento secreto.
Na rodada mais recente de benesses, Alcolumbre anunciou R$ 68 milhões para 12 prefeitos aliados. Do montante, R$ 8 milhões se materializaram nos 20 veículos já entregues, enquanto R$ 60 milhões estão reservados para a reforma de uma rodovia.
A verba para a compra de equipamentos e obras diversas é apadrinhada pelo parlamentar e destinada aos municípios por um aliado dele, Hilton Rogério Maia Cardoso, superintendente no Amapá da Codevasf — a unidade local foi inaugurada há dez dias. O projeto de lei que permitiu a ampliação da área de atuação do órgão público até o Amapá foi apresentado por Alcolumbre. Em setembro de 2020, o texto foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Alcolumbre tentará um novo mandato de oito anos enquanto lida com o desgaste de ter protelado, no ano passado, a sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro e posteriormente aprovado pelo Senado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pastores ligados ao governo, como Silas Malafaia, afirmaram reiteradamente que farão campanha contra o parlamentar, que desagradou o segmento evangélico ao atrasar o processo de indicação à Corte — Mendonça tinha o apoio do grupo para o posto. Em 2020, Alcolumbre já sofreu um revés ao ver o irmão ser derrotado na disputa pela prefeitura de Macapá.