Ministro Alexandre de Moraes dá 15 dias para PGR se manifestar sobre crimes de Bolsonaro apontados pela Polícia Federal

03/02/22

Conteúdo Estadão

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Relatório da Polícia Federal apontou crimes na divulgação de dados sigilosos sobre o ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral
NELSON JR/STF
O ministro deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República se manifestar – FOTO: NELSON JR/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre o relatório final da Polícia Federal (PF) que apontou crimes do presidente Jair Bolsonaro (PL) na divulgação de dados sigilosos sobre o ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O procurador-geral Augusto Aras também foi instado a se manifestar no mesmo prazo sobre o pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para instaurar persecução penal contra o chefe do Executivo.

A PF decidiu concluir o inquérito mesmo sem colher o depoimento do presidente. Ele era o principal investigado no caso e faltou ao interrogatório na última sexta-feira (28). A delegada federal Denisse Dias Rosas, responsável pelo inquérito, enviou nesta quarta-feira (2), o relatório final com as conclusões da PF ao Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, ela minimiza a ausência de Bolsonaro no depoimento e diz que o fato “não trouxe prejuízo ao esclarecimento dos fatos”.

A delegada reafirma ter visto crime na conduta do presidente, do deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR) e do ajudante de ordens presidencial Mauro Cid, mas não pede o indiciamento em razão do foro. A investigação sigilosa da PF foi tornada pública por Bolsonaro nas redes sociais em agosto do ano passado. O objetivo, conclui Denisse, foi alimentar o debate sobre a chamada “PEC do Voto Impresso”, que acabou rejeitada na Câmara.

“Todas as pessoas ouvidas que promoveram a divulgação confirmam suas condutas e a consciência de que o fornecimento de cópia do inquérito policial em andamento ao deputado federal Filipe Barros foi feito originalmente com o fim específico de subsidiar as discussões relativas à PEC no 135/2019”, diz um trecho do relatório.

‘Milícias digitais’

O documento ainda relaciona a atuação do presidente, do assessor e do deputado ao inquérito das milícias digitais. “O modo de agir é correlato”, escreve a delegada. A íntegra da investigação sigilosa sobre a tentativa de invasão aos sistemas do TSE foi obtida por Filipe Barros, a partir de um pedido formal na qualidade de relator do “PEC do Voto Impresso”, junto ao delegado federal Victor Neves Feitosa Campos. Em depoimento, o parlamentar admitiu que compartilhou o material com o presidente e com o assessor dele. Também reconheceu que, no dia da live presidencial, soube que Bolsonaro poderia “abordar os fatos contidos no inquérito policial”.

Para a delegada, houve desvio de finalidade no pedido do deputado, sobretudo porque ele sabia que a investigação corria sob sigilo, e no uso do conteúdo para validar o que ela chama de “ilações” e de uma “narrativa que os participantes já sabiam ser inconsistente”. “Se a finalidade indicada fosse para subsidiar uma live presidencial, a entrega da cópia do inquérito policial teria sido indeferida”, afirma.

O relatório da PF também afirma que o ajudante de ordens presidencial participou de “outros eventos também destinados à difusão de notícias promotoras de desinformação da população”, incluindo a live em que Bolsonaro associou a vacina contra a covid-19 com o vírus da aids.

A PF também esclarece que, em relação ao delegado federal Victor Neves Feitosa Campos, não houve “participação dolosa” e que não há elementos para atestar que ele forneceu a cópia do inquérito por “aderência de desígnios” com Bolsonaro e Barros.

“O repasse de cópia, portanto, é aqui compreendido como uma decisão tomada no decorrer do exercício da presidência do inquérito, que compartilhou com outro órgão (Poder Legislativo), com finalidade específica (auxiliar o relator no debate da PEC no 135/2019 em comissão oficial do Congresso Nacional), documento legalmente sigiloso, situação que ninguém pode alegar desconhecimento”, pontua o relatório.

Coleta de assinaturas para CPI do caso Beatriz provoca discussões na Alepe

03/02/22

Ascom Alepe

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A coleta de assinaturas para a abertura de uma CPI sobre o caso Beatriz (foto) foi tema de debates na segunda Reunião Plenária da Alepe em 2022, realizada nesta quarta. Um dos proponentes da investigação, que ainda não conta com as 17 assinaturas necessárias para seu início, é o deputado Romero Albuquerque, do PP. Em discurso, ele defendeu a criação da comissão de inquérito para esclarecer as circunstâncias do assassinato da menina de seis anos, ocorrido em dezembro de 2015, em Petrolina, no Sertão do São Francisco.

O deputado rebateu críticas à proposta de investigação parlamentar, classificando o tema como uma questão apartidária, e cobrou a posição de parlamentares ligados à causa para que seja alcançado o número de 17 assinaturas necessárias para a criação da CPI.  “Pessoas que se dizem defensoras dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, mas esquecem do assassinato que aconteceu com a menina Beatriz. (…) Eu gostaria de pedir que a delegada Gleide   Ângelo, que vem desde então sem responder às minhas mensagens, pudesse dar um posicionamento sobre esse caso, já que ela foi  coordenadora das investigações por quase dois anos”.

O parlamentar também relatou que o mandato coletivo Juntas, do PSOL, se negou a assinar o documento, apesar de ter sinalizado inicialmente que apoiaria a investigação na Alepe. Os outros dois autores do pedido de investigação manifestaram apoio. Clarissa Tércio, do PSC, ressaltou que a família de Beatriz aguarda há seis anos por respostas e que o caso é um tema de interesse público que deveria ser enfrentado pelo Legislativo estadual. Já Joel da Harpa, do PP, cobrou o posicionamento dos parlamentares ligados à segurança pública e defendeu que o caso precisa ser tratado de forma transparente, pois tem grande repercussão.

Em resposta, Teresa Leitão, do PT, destacou que o principal suspeito foi identificado recentemente e que diversas forças políticas do campo progressista apoiaram o pleito da família de Beatriz em favor da federalização do caso, e, portanto, a investigação deveria seguir avançando no âmbito policial. Dulci Amorim, do mesmo partido, informou que está em contato com a presidência da Alepe para que seja autorizada a realização de uma audiência pública sobre o caso. Ela afirmou que criar a CPI antes de uma escuta pública sobre as novidades da investigação policial seria queimar etapas.  “Creio que é a partir justamente da audiência pública que a gente vai ter respostas mais coesas, respostas mais precisas, para saber da necessidade da CPI e até já ter um objeto mais direcionado, o qual se deseja investigar”.

Em contraponto, Romero Albuquerque lembrou que não há regra que determine a necessidade de realizar audiência pública antes da abertura de CPI e salientou que a mãe de Beatriz é favorável à investigação legislativa.

Ministério Público de Pernambuco recomenda medidas mais rígidas no Plano de Convivência com a Covid

03/02/22

Portal Folhape

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De acordo com as Promotorias de Saúde da Capital do MPPE, motivação é o aumento expressivo no número de casos de Covid-19
Alta procura no primeiro dia de funcionamento da testagem para Covid no Centro de Convenções
Alta procura no primeiro dia de funcionamento da testagem para Covid no Centro de Convenções – Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Em meio ao contínuo aumento de casos positivos de Covid-19 no estado, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou à Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), a reavaliação do atual Plano de Convivência, adotado no final de janeiro. A medida do MPPE foi tomada pelas 34ª e 11ª Promotorias de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, com atuação na Promoção e Defesa da Saúde.

De acordo com a Recomendação Conjunta Nº 01/2022, são necessárias providências como não permitir aglomeração de pessoas em estabelecimentos comerciais, eventos sociais e culturais, com adoção de medidas restritivas mais severas do que as atuais.

A recomendação é que as medidas sejam tomadas enquanto durar o cenário atual de aumento exponencial de casos diários de Covid-19 e da taxa de ocupação de leitos de UTI e enfermaria.

“No atual momento de recrudescimento dos índices da Covid-19 no Estado, com elevação do número de casos positivos e, consequentemente, de óbitos pela doença, há grave risco à saúde pública gerado também pela permissão da realização de grandes eventos sociais, culturais e festivos”, destacaram as promotoras de Justiça Helena Capela e Eleonora Marise Rodrigues, no texto da recomendação.

Também foi pedida à SES-PE a informação, no prazo de cinco dias, sobre o número de testes de Covid-19 realizados diariamente em cada centro de testagem, com indicação de percentual de testes positivos, além de consulta sobre os dados dos testes feitos em laboratórios privados e farmácias, para saber se os resultados estão sendo computados dentro das estatísticas oficiais.

Outra informação solicitada foi do número atual de leitos de UTI e de enfermaria para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) adultos e pediátricos, que estejam em funcionamento e onde estão localizados.

O documento do MPPE foi entregue ao secretário estadual de Saúde, André Longo, em audiência virtual realizada nessa última terça-feira (1). Foi dado um prazo de 72 horas para a Secretaria informar o acatamento ou não dos termos recomendados. O encontro contou com a participação de representantes da SES-PE e da Secretaria Municipal de Saúde de Recife; além do coordenador do CAO Saúde, Édipo Soares; das promotoras de Justiça Helena Capela e Eleonora Marise, que presidiram a audiência; e integrantes do MPPE.

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Aumento proposto por Bolsonaro para professor assusta governador e prefeito pelo efeito cascata em ano de eleição

03/02/22

Por Fernando Castilho

blogfolhadoser

Ano passado a União entrou com 12%; este ano passara para 15% em 2022, ano que vem 17% em 2023 até chegar a 23% em 2026.

Fernando Castilho

Fernando Castilho
Publicado em 02/02/2022 às 16:00
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO
Ministro Milton Ribeiro – Foto/MEC

O presidente Jair Bolsonaro sabe que a sua participação na defesa de um teto para professores com a fixação de um piso de R$ 3.845 é próxima de 12%.

E que nenhum prefeito está interessado no que ele pensa sobre e muito menos na opinião do ministro da Educação, Milton Ribeiro que, num pronunciamento em rede nacional, nesta terça-feira (02) tentou capitalizar para o Governo Federal a proposta do MEC num reajuste de 33,23% que enfureceu os prefeitos e assustou os governadores.

Ribeiro encheu o peito para dizer que este será “O maior reajuste da história para os professores. O maior aumento de repasses da União para estados e municípios por meio do Fundeb. E falou do perdão de dívidas do FIES para alunos inadimplentes” embora ainda não se saiba muito quem vai bancar esse perdão.

O problema é que o Fundeb que define o piso nacional dos professores não é um programa federal do ponto de vista de recursos. Na verdade Cerca de 90% dos recursos do Fundeb vêm de impostos coletados nos âmbitos estaduais e municipais, e os outros 10% vêm do governo federal.

Ou seja. Ribeiro tira onda de que a União pagaria o reajuste quando na verdade sua participação é mínima.

E mesmo em relação ao novo Fundeb a União só chegaria junto em 2026. Ano passado, a União entrou com 12%; este ano, passará para 15%; ano que vem, 17% em 2023 até chegar a 23%, em 2026.
O pronunciamento do ministro foi organizado para jogar os professores em cima dos prefeitos.

Para se entender um pouco dessa confusão é importante saber que o valor do piso do magistério é calculado com base na comparação do valor aluno-ano do Fundeb dos dois últimos anos.

O valor aluno-ano é o mínimo estabelecido para repasse do fundo para cada matrícula na educação básica por ano.

Em 2021, o valor aluno-ano foi de 4.462,83 reais. Como em 2020 o valor ficou em R$ 3.349,56 a diferença percentual entre os dois valores é de 33,23%, o que eleva de 2.886 para 3.845 reais o piso salarial nacional da categoria. É ai que coisa complica.

Infográfico
A distribuição dos recurso do Fundeb em 2019 – Infográfico

A justificativa é de que o critério de reajuste anual do piso do magistério foi revogado com a Lei 14.113/2020, que regulamentou o novo Fundeb.

A emenda constitucional 108/2020, que dispôs sobre os novos critérios de financiamento do fundo, previu que ‘lei específica disporá sobre o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério da educação básica pública’.

Mas o governo Bolsonaro não editou uma Medida Provisória para acolher a reivindicação.

O Governo tentar dizer que é responsável e que esse foi um gesto de apreço do Governo com os professores, mas não bem assim. O Fundeb é um fundo 88% arrecadado pelos estados e os próprios municípios.

Em cada estado, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) é composto por percentuais das seguintes receitas:

Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp), Desoneração das Exportações (LC nº 87/96), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devida aos municípios.

Também compõem o fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as fontes acima relacionadas.

Na prática, o dinheiro da União só entra efetivamente nos estados do Nordeste e no Norte para o Pará. Na maioria dos estados a participação da União é zero.

O problema é que um reajuste de 33,23% faz os prefeitos e governadores temerem a chamada repercussão geral. Os prefeitos estavam preparados para anunciar, festivamente, os 10,06% do IPCA do IBGE.

Depois de dois anos sem nenhum aumento em função da lei que proibiu reajustes durante dois anos, o prefeitos foram surpreendidos com esse número mágico.

Então, o problema não é dar 33, 23%. O problema é que nos estados quer dizer dar 33,23% para o pessoal da saúde, a Polícia e os demais servidores. Isso nas vésperas de uma eleição.

Ninguém vai querem saber mais da simples correção da inflação dos dois anos. O número de 33,23% vai virar meta de todas as negociações puxadas pelos sindicatos da CUT.

Isso vale para os prefeitos, mas vai ser o motor de tração nos estados.

Daí a forte reação dos governadores que já se preparam para passeatas de greves este mês e em março, antes da desincompatibilização.

No fundo o presidente da República – que vai dar aumento zero para seus servidores – em 2022, tumultua as negociações nos estados e municípios. Fica mal com os prefeitos, mas dá o mote das reivindicações dos demais servidores.

Mas nesse debate tudo é lucro para o presidente.