E agora, José ?
A suspeita da Polícia Federal de que o senador teve informação prévia é baseada entre conversa com seu advogado, combinando uma nota oficial sobre a operação na noite anterior das buscas.
Em setembro do ano de 2019, a Polícia Federal fez uma busca no gabinete e na casa do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Com autorização da Justiça, os agentes recolheram documentos, e-mails e telefones à caça de provas que pudessem vincular o parlamentar a desvios de recursos de obras públicas na época em que ele foi ministro da Integração Nacional no governo de Dilma Rousseff.
O material apreendido, incluindo 120 000 reais em dinheiro na casa do filho do senador, ainda está sendo analisado pelos peritos, mas um diálogo aparentemente irrelevante encontrado no celular do parlamentar chamou atenção. A conversa era entre Bezerra e o advogado dele, André Callegari. Nela, os dois combinam os termos de uma nota oficial sobre uma operação da PF que seria divulgada. Detalhe: a troca de mensagens ocorreu na noite que antecedeu as buscas — o que, para os investigadores, sugere que eles souberam antecipadamente o que aconteceria na manhã seguinte.
As mensagens, trocadas via WhatsApp, foram localizadas no aparelho do senador. Horas depois da operação, no dia 19, o parlamentar divulgou um comunicado à imprensa em que criticava a incursão policial e atribuía a busca a uma suposta perseguição política diante da “atuação combativa do senador contra determinados interesses”.