Por Machado Freire
O município de Salgueiro padece de um problema bastante conhecido por grande parte de sua população de quase 70 mil habitantes, onde mais de 40 mil votam e pagam impostos. Só que a cidade polo do Sertão Central é vítima de uma política atrasada sob o comando de duas famílias -ou dois grupos políticos que manipulam o poder há muitas décadas. Ou é “zebra” ou “leão” !
O grupo que ganha a eleição se acha na obrigação de mandar literalmente no poder fazendo do grupo familiar vitorioso uma espécie de “donatário” dessa pobre capitania hereditária do atraso, da arrogância e do quase “poder absoluto”. O grupo que venceu a eleição, tal como o que perdeu, não precisa discutir nada com a população, nem mesmo um programa de governo. Impõem o nome de “fulano” e este terá que ser o futuro prefeito.
Os vencedores ganham corpo, prestígio e liderança suficientes para na próxima eleição para escolha de deputado -seja estadual ou federal, impõem nomes de candidatos que ganham os votos sem nunca terem participado de um debate com os eleitores ou lideranças políticas do município. No passado, eles traziam Felipe Coelho, José Ramos, etc, só para dar um exemplo. Hoje o número de “estrangeiros ” é bem maior.
Diante desta síntese, chamamos a população (e os políticos também, claro) para uma conversa neste período pré-eleitoral, com uma proposta simples feito água do pote: Que tal o pessoal que “lidera” os dois grupos (governo e oposição) zerar o processo sobre a indicação, já agora, de nomes para a sucessão de outubro e passar a elaborar um programa de governo decente? O saudoso Miguel Arraes costumava dar este conselho: “não vamos fulanizar o processo. Vamos apresentar propostas, analisar os problemas que o nome nasce naturalmente”, dizia o ex-governador.
Não seria interessante esquecerem de uma vez de família A e família B, já que a sociedade é plural e o município não deve ser explorado ao modo de um curral eleitoral ou uma capitania hereditária?
Convenhamos que o povo já está cansado de assistir a tantos espetáculos sem nenhuma graça e administrações fracas que em quase nada contribuem para o desenvolvimento do município. Nunca concluíram a construção do canal que corta o centro da cidade ! Mas alardeiam o “milagre” de 70 ruas asfaltadas e 50 creches que nunca serão construídas.
Não é bem mais democrático e decente fazer uma consulta (debate) com as pessoas que de fato trabalham, que geram empregos e até com políticos que estão iniciando na vida pública e podem contribuir de alguma forma para melhorar a vida do município?
Já é possível admitirmos que se não mudarem a forma de agir no momento de escolher os nomes que vão disputar a prefeitura, a campanha se tornará chata, aguada e sem graça porque a “cangalha pode mudar, mas a besta é a mesma” e tudo não passa de uma mesmice dentro do processo democrático que vivemos, uma vez que se deve ter mais apreço (e respeito) com aqueles que votam e pagam impostos. É bom insistirmos neste quesito, pois o voto é um exercício de cidadania que permite ao cidadão ou cidadã votarem em quem eles bem quiserem.
lembrem-se: o coronelismo e o bipartidarismo acabaram, faz tempo. Esqueçam de uma vez do “curral eleitoral”, pois estamos em 2020 ! Que me desculpem os que enxergam política com o “olhar vesgo”, pois paixão em futebol é suportável, mas em política cheira a atraso.