Coluna da quarta-feira: “Ações de Bolsonaro me apavoravam”, diz Bivar

Para Bivar, não há dúvidas de que as investigações feitas pela Polícia Federal e pela Advocacia Geral da União chegam à conclusão de que haveria uma tentativa de golpe. “Não tenho dúvidas de que Bolsonaro será preso. Os indícios são claros e a preservação da democracia está sendo feita. O Supremo Tribunal Federal está forte e cumprindo o seu papel”, afirmou.

Segundo o parlamentar, se o STF recuar de alguma maneira nas sanções que está aplicando ao ex-presidente, seja por pressão das correntes políticas, por capricho da família Bolsonaro, ou por pedido de países estrangeiros, o Brasil perderá a sua identidade e dignidade. “Eu sou um patriota e posso afirmar que as instituições no Brasil elas funcionam”, disse.

Em seu último livro lançado, o ‘Democracia acima de tudo’, Bivar relatou que, como amigo do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, sabia da existência da elaboração da minuta do golpe. O deputado aconselhou que Torres destruísse o documento, mas ele não o fez e, mais tarde, a minuta foi apreendida pela PF.

Sobre o seu relacionamento com o atual presidente do União Brasil, Antonio Rueda, de quem já foi amigo e aliado, hoje Bivar relata que não se sente bem ao falar dele, devido a tamanha traição que sofreu dentro do partido que comandava. “Ele é deplorável, sinto náuseas ao falar dele, é um pobre coitado que será eternamente um miserável. Quando o ser humano não tem conteúdo, ele é exibicionista, o exemplo é a festança de três dias que ele deu na Grécia. Esse cara não é o mesmo que eu defendia há um tempo. Hoje, eu tenho vergonha quando encontro as pessoas que tentaram me alertar”, lamentou o deputado.

Após a traição sofrida dentro da legenda que comandava e as acusações públicas que trocou com o atual presidente da sigla, Bivar deixou claro que a sua permanência no União Brasil é insustentável. “Não quero uma legenda para chamar de minha, eu preservo ideais, tenho projetos e estou conversando com o PRD, o PSDB e o Solidariedade. Eu quero ter uma bandeira para defender em 2026”, afirmou.

Questionado sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos e o quanto isso afetaria a economia do País, Bivar lamentou a forma como o presidente Donald Trump está tratando o Brasil e as suas instituições. “Somos um País muito grande e não podem brincar com a nossa soberania”, ressaltou.

Futuro na política – Quando questionado se pretende disputar novamente as eleições em 2026, Bivar afirmou, em tom de brincadeira, que a sua família não pode saber, mas que ele não irá se aposentar da política tão cedo. “Os amigos prefeitos precisam de mim em Brasília. Estou lúcido, jovem, ainda tenho projetos e um deles é a Reforma Tributária, de suma importância para o nosso País. Eu sou idealista e quero melhorar o País”, disse.

UB não tem alma – Profundamente magoado com as traições recentes no partido do qual faz parte, Bivar fez duras críticas à legenda e ao projeto de poder dos que comandam o União Brasil atualmente. “O partido não tem estrutura, não tem ideal, não tem objetivo, não tem alma. O União Brasil tende a se acabar. Estou esperando a janela partidária e vou seguir em frente em outra legenda, não importa o tamanho, importa o ideal. O UB não tem uma diretriz, não sei o rumo que ele vai tomar, o partido vai muito ao sabor do vento”, afirmou.

Espólios do bolsonarismo – Para Bivar, as três pré-candidaturas postas para concorrer com o presidente Lula (PT) em 2026, os governadores Romeu Zema (MG/Novo), Ronaldo Caiado (GO/UB) e Tarcísio de Freitas (SP/Republicanos) não têm um ideal, querem apenas colher os espólios do bolsonarismo. “Eles só estão atrás de voto e o povo está em segundo plano. A candidatura do PT está posta e consolidada, tem um norte. Eles só estão atrás do espólio do bolsonarismo, não têm um ideal”, disse.

PF dentro da casa de Bolsonaro – A Polícia Federal afirmou, em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, para garantir a efetividade do monitoramento da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seria necessária a permanência de agentes dentro da casa dele. Para a PF, não basta o monitoramento na porta da casa ou dentro do condomínio. A PF argumentou que a tornozeleira eletrônica de Bolsonaro envia informações online, mas a internet pode cair, o que daria tempo para uma eventual fuga.