Dois ex-ministros de Bolsonaro não devolveram relógios de luxo mesmo após decisão do TCU

16/07/24

Por Tácio Lorran

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Tribunal entendeu que recebimento dos bens por sete autoridades do governo Bolsonaro ‘extrapolou os limites da razoabilidade’, mas, mesmo assim, houve quem ficasse com as peças; ministro diz que questionou pedido e ex-presidente da Apex afirmou que está disposto a entregar o relógio

 

Ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra não se manifestou sobre o fato de não ter devolvido o relógio
Ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra não se manifestou sobre o fato de não ter devolvido o relógio
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

 

BRASÍLIA – Os ex-ministros Gilson Machado (Turismo) e Osmar Terra (Cidadania), além do ex-presidente da Apex-Brasil, o contra-almirante Sergio Segovia, ainda não devolveram os relógios de luxo que ganharam de presente durante uma comitiva oficial ao Catar realizada em outubro de 2019.

Em março de 2023 o Tribunal de Contas da União (TCU) entendeu que o recebimento dos bens por sete autoridades do governo Bolsonaro “extrapolou os limites da razoabilidade”. Em seguida, a Comissão de Ética Pública (CEP) e a Casa Civil da Presidência da República enviaram ofícios determinando a devolução dos relógios. No entanto, somente quatro dos sete notificados devolveram os itens de luxo.

Gilson Machado, que, na época da viagem oficial, era presidente da Embratur, informou ter contestado o pedido da CEP para devolver o relógio, alegando que houve cerceamento do direito de defesa e um ataque à ampla defesa e ao contraditório. Ele também solicitou uma perícia técnica sobre o bem. Sergio Segovia explicou que está disposto a devolver o relógio, mas acrescentou que nunca soube como proceder. Osmar Terra não respondeu.

Por telefone, Sergio Segovia explicou que, após ter sido notificado, perguntou à Comissão de Ética como deveria proceder para devolver o relógio, mas nunca recebeu resposta. “Estou esperando há mais de um ano para saber como entregar”, disse, acrescentando que tem total interesse em devolver o item.

Nos ofícios, a Casa Civil e a Comissão de Ética explicam que o item deveria ser entregue à Caixa Econômica Federal. Segovia considerou a informação insuficiente. “E eu não vou correr atrás [disso], da mesma maneira que isso foi surpresa pra mim, pois eu nem sabia inicialmente que eu tinha ganhado, não quero ter trabalho nenhum para devolver isso”, disse ao Estadão. Segovia explicou que recebeu o relógio cerca de três meses depois da viagem ao Catar, quando um tenente e um sargento entregaram o presente.

A assessoria de Osmar Terra não se manifestou.

 

 

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